Obras inacabadas deixam o trânsito engarrafado na entrada de Maringá| Foto: Fábio Dias/Gazeta Maringá

As recentes denúncias de corrupção e desvios de verbas envolvendo o Ministério dos Trans­­portes provocaram atrasos em uma das obras públicas mais caras em andamento no Paraná: o Contorno Norte de Maringá. O questionamento de sobrepreço da segunda etapa da obra, feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em junho deste ano, e a troca do comando na pasta fazem com que a obra ande a passos lentos.

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"Todos os questionamentos e mudanças de direção provocaram e provocam reflexos diretos no Contorno Norte. Ficamos meses esperando vistorias de contratos por causa das denúncias, que no fim não chegou a nada. Estamos há mais de 60 dias esperando a assinatura do contrato da segunda etapa da obra", diz o engenheiro José Carlos Belluzzi de Oliveira, do De­­­partamento Nacional de In­­­fraestrutura de Transportes (Dnit), supervisor das obras do Contorno Norte.

O motivo para os atrasos, segundo Beluzzi, é justamente o adiamento da assinatura do contrato da segunda etapa da obra. "Enquanto não se assinar o contrato, as obras vão continuar bem lentas, porque dependemos da duplicação da pista [prevista para a segunda etapa] para realizar a maior parte dos trabalhos", diz o engenheiro.

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Os atrasos adiam também a liberação dos acessos nas saídas do Contorno Norte na BR-376, que seriam feitas no fim de julho, segundo previsão feita há mais de 60 dias por Fernando Camargo, presidente da Ur­­­bamar – autarquia da prefeitura de Maringá que elabora projetos de urbanismo na cidade. O fluxo de veículos nas saídas de Maringá para Sarandi e Pa­­­ranavaí provocam congestionamentos na rodovia nos horários de pico. Procurado ontem pela reportagem, Camargo disse que não sabia o motivo dos atrasos, mas confirmou que havia mesmo feito a previsão, que não se concretizou.

Segundo nova estimativa, mas agora do Dnit, na próxima semana o trecho na saída para Paranavaí será liberado, mas em Sarandi ainda pode demorar entre 10 e 15 dias.

A reportagem procurou o Ministério do Transportes para saber se há data para ser discutido o início da segunda etapa da obra e para assinar os contratos, mas não houve posicionamento.

O TCU informou que o Pro­­cesso 2.395/2011, que questiona as readequações nos preços da segunda etapa das obras do Contorno Norte, está em andamento sem prazo para conclusão. Segundo a assessoria de imprensa do tribunal, enquanto o processo não for finalizado, o contrato não poderá ser assinado com a construtora que venceu a licitação, a Sanches Tripoloni.

Auditoria

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As irregularidades no Mi­­nistério dos Transportes, que resultaram em uma faxina na pasta e no pedido de demissão do ex-ministro Alfredo Nascimento, chegaram a um prejuízo de até R$ 682 milhões, em um total de R$ 5,1 bilhões fiscalizados, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU).

Sete processos administrativos disciplinares, uma sindicância patrimonial e uma sindicância investigativa, envolvendo cerca de 30 servidores e ex-dirigentes do Dnit, da Valec (estatal de ferrovias) e do Ministério dos Transportes, estão em curso, segundo o CGU.