O jornal americano “The New York Times”, um dos mais prestigiados do mundo, traz como destaque em sua capa de segunda-feira (4) uma reportagem que busca explicar os elos entre a corrupção e a atual crise política brasileira.
A reportagem do jornal americano entrevista o senador Delcídio do Amaral (sem Partido-MS), preso pela Polícia Federal por tentar interferir nas investigações da Operação Lava Jato. Ao “NYT”, Delcídio afirma que se sentiu como “batendo em um muro após uma perseguição em alta velocidade”.
O jornal aponta o escândalo de corrupção na Petrobras como um dos mais extensos entre os países em desenvolvimento, afirmando ainda que ele, ao lado da crise econômica que afeta o país, “devastou as ambições globais” do Brasil.
Entre os políticos citados na reportagem como alvos de acusações de Delcídio na delação premiada, estão o ex-presidente Lula, além do vice-presidente Michel Temer e do líder da oposição Aécio Neves (PSDB-MG), além da presidente Dilma Rousseff. Segundo Delcídio, ela o teria instruído a sabotar uma investigação sobre a Petrobras, convencendo juízes influentes a liberta empreiteiros magnatas acusados de corrupção.
O “NYT” ainda relata em detalhes o encontro entre Delcídio e o ator Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. O encontro, no qual Delcídio articula uma fuga de Nestor do país, foi gravado por Bernardo, e acabou resultando na prisão do senador. Ao jornal americano, Delcídio afirma que “não é um homem corrupto”.
O diário também relata “pânico no Partido dos Trabalhadores”, citando gravações de membros da legenda, como o ministro da Educação Aloizio Mercadante e o ministro-chefe do gabinete pessoal de Dilma, Jaques Wagner.
Casos envolvendo o ex-presidente Lula, como as reformas pagas por empreiteiras em um sítio em Atibaia e a compra de um tríplex no Guarujá também são citados na matéria.
Série
O jornal faz referência à série de fantasia da “Game of Thrones”, da HBO, para se referir ao atual cenário político do país. As gravações que mostram o diálogo entre Dilma e Lula são citadas, assim como críticas ao juiz Sergio Moro, acusado por alguns de comandar uma “caça às bruxas partidária”. O vice-presidente Michel Temer é comparado a um mordomo de filmes de terror.
Ao final da matéria, Delcídio revela ter acompanhado pessoalmente os protestos do dia 13 de março, contra o governo Dilma Rousseff. Segundo a reportagem, o senador teria ido a uma das manifestações em sua moto Harley Davidson, mas não teria removido o capacete, com medo da reação que provocaria nos manifestantes.
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