A crise política gerou a primeira baixa no PCdoB, antigo parceiro de aliança do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de 42 anos no partido, o deputado Sérgio Miranda (MG), um dos mais destacados parlamentares da bancada mineira, está deixando a legenda e vai para a oposição ao governo Lula, filiando-se ao PDT. Em carta de desfiliação, enviada à direção do PCdoB e à qual se dirige aos filiados como "caros camaradas", Miranda afirma que há muito tempo tem diferenças com a direção do PCdoB e mais ainda agora que o partido, diante da crise, decidiu por uma maior identificação e compromisso com o governo Lula.
- Venho comunicar que estou deixando o PCdoB. Cheguei a essa definição depois de um longo processo de amadurecimento, dentro de uma situação que não começou agora. Não é, portanto, fruto de qualquer precipitação. Camaradas, estou no PCdoB há mais de quarenta anos. Nesse período, enfrentei numerosas adversidades e também tive algumas das maiores alegrias da minha vida. É lamentável que a situação tenha chegado a este ponto - declara Sérgio Miranda na carta enviada ao partido.
Miranda diz que o "tensionamento" entre ele e o PCdoB chegou a um limite nas votações da reforma da Previdência e do aumento do salário mínimo. Ele diz ainda que as diferenças entre ele o partido tornaram-se mais profundas com a manutenção do apoio do PCdoB a Lula após a crise política.
- Mantenho minha ideologia. Sou e continuarei sendo comunista e reafirmo meus compromissos com os ideais socialistas, mesmo lutando em outro espaço - afirmou.
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, responde a Sérgio Miranda no site do partido. Rabelo afirma que o partido lutou para manter o deputado na legenda, tentativa frustrada. Na nota, o presidente do PCdoB não esconde o ressentimento pela decisão de Miranda, apesar de elogiá-lo.
- Nesse contexto, a pressa, o voluntarismo, o primarismo ou a passividade adaptativa sempre foram nocivos para uma construção vitoriosa - disse Rabelo.
Em outro trecho, o dirigente comunista diz que Sérgio Miranda gozava de respeito e de grande consideração no partido e que sua decisão de "atuar em outro espaço demonstra que ele formou outra convicção, distinta da nossa".
- Não seremos obstáculo à sua opção. Como sempre, a prática é o critério da verdade. A vida com seus múltiplos caprichos sempre falará mais alto - garantiu.
Rabelo afirma que uma série de apelos foram feitos para ele permanecer na legenda.
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