O momento político dificulta uma projeção de coligações no Paraná para as eleições de 2006. O PTB, o PL e o PP são partidos que fazem parte da base de apoio do governo Roberto Requião (PMDB) na Assembléia Legislativa e sempre estiveram próximos de subir no palanque de reeleição do governador. O PT também sempre foi esperado na mesma aliança, caso a tese da candidatura própria não vingasse.
A incógnita agora é para onde vão esses partidos. Tanto a ala governista como a frente de oposição sinaliza que existem dúvidas sobre a acolhida das siglas que estão na linha de fogo.
O presidente do PSDB do Paraná, deputado estadual Valdir Rossoni, avisou que o partido não pretende se coligar com as legendas que tenham figuras envolvidas com o esquema de corrupção do governo. "O PP, PTB, PL e, obviamente o PT, estão fora de qualquer cogitação", disse. "Temos conversando com companheiros desses partidos e alertado para que saiam e se filiem no PSDB se quiserem integrar a nossa frente de oposição", completou.
Para Rossoni, vai ocorrer um esvaziamento das legendas que estão na base de apoio do PT e os pré-candidatos vão buscar partidos com melhor imagem e mais credibilidade perante a opinião pública. Ao lado do PSDB, o deputado prevê que devem estar alinhados em 2006 o PFL, o PSB e o PDT do senador Osmar Dias, pré-candidato a governador.
O histórico do pretendente a ingressar no ninho tucano é decisivo para a filiação. "Estamos analisando a trajetória de cada um, a idoneidade e a conduta ética", afirmou o presidente do PSDB. "Queremos crescer, mas com qualidade".
O PMDB é outro escoadouro natural das lideranças indecisas. Entre os 18 deputados denunciados pela CPIs dos Correios e do Mensalão, apenas o ex-líder, o paranaense José Borba, é do PMDB. O partido vem experimentando um crescimento rápido no estado desde que o governador Roberto Requião foi eleito.
O presidente estadual, Dobrandino da Silva, trata com cautela a política de alianças para 2006. O deputado garante que considera importante o apoio de partidos que já estiveram coligados com o PMDB na última eleição, como o PT, PTB e PL, mas reconhece que o atual quadro político exige uma análise cuidadosa. "Tem muita água para passar debaixo da ponte. Não dá para falar em coligações ainda", disse.
Na defensiva à ameaça de rejeição pelos partidos maiores, o presidente estadual do PP, Dilceu Sperafico, afirmou que não tem a menor preocupação com futuras coligações porque o PSDB, o PFL e o PMDB também têm nomes envolvidos nas denúncias de corrupção. Se for adotada essa lógica para escolher aliados, o deputado argumenta que não vai sobrar nenhuma legenda intacta. "Tem que olhar as pessoas. Temos um partido bem consolidado no Paraná e tenho certeza de que vamos ser procurados para alianças", disse. "Daqui a 70 dias ninguém nem lembra que existiu o Severino".
Bancadas
Partidos como o PTB, PL e PP correm o risco de ficar sem representação na Assembléia Legislativa por causa da crise em Brasília. O mais atingido com o efeito Severino é o PP. Cida Borgheti está repensando sua permanência na sigla. Geraldo Cartário, Duílio Genari e César Seleme estudam uma mudança em bloco para outra legenda. "Vamos conversar com o Hermas Brandão (vice-presidente estadual do PSDB) e com o Requião. Se tivermos uma garantia de que um ou outro pode coligar conosco permanecemos, caso contrário não temos outra saída. Pensei que vinha uma turbulência, mas é uma tempestade", explicou Cartário.
O PTB, que tinha três deputados, já perdeu Jocelito Canto e Aíton Araújo desde o início do ano e pode ficar sem ninguém. O único petebista, Carlos Simões, também conversa com dirigentes partidários e pode ingressar em outra legenda. Governista, o deputado tem bom relacionamento com o PMDB e trabalhou na linha de frente da campanha do governador.
O PL e o PT devem ser os únicos que não vão ter baixas. O PL está representado por Edson Praczyk e Chico Noroeste e, por enquanto, nenhum dos dois manifestou publicamente desejo de mudança partidária. Perdeu Mauro Moraes, que deixou a sigla no começo da crise. Na bancada petista, o único que avançou nas negociações para deixar a legenda é Natálio Stica, ex-líder do governo Requião. Há dois meses, seu ingresso no PMDB era tido como certo, mas a conversa esfriou e o deputado assegurou que deve permanecer no partido.