O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou nesta terça-feira (1º) que as críticas de que há armação e interferências nas investigações da Operação Lava Jato “não têm o menor amparo na realidade”.
No domingo (30), a Polícia Federal apreendeu um documento com Diogo Ferreira, chefe de gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que cita o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como destinatário de um pagamento de R$ 45 milhões do banco BTG. O deputado classificou o episódio como “armação”.
Desde que começou a ser investigado por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras, Cunha tem acusado o governo e o Ministério Público Federal de perseguição.
O presidente da Câmara teria defendido inclusive a demissão de Cardozo em meio aos desdobramentos da Lava Jato. “Sempre a mesma situação que acaba se repetindo. Ora o ministro que não controla a polícia, ora o ministro que instrumentaliza a polícia, ora o ministro que quer facilitar o fim da Lava Jato, ora quer possibilitar a execução da Lava Jato. São umas versões que acabam acontecendo que não têm o menor amparo na realidade”, afirmou o ministro.
“Nós temos nos comportado com absoluta lisura, dentro da lei, garantindo autonomia das investigações e evidentemente não tem o menor sentido. Seja por aquilo que vai na linha de que nós instrumentalizamos as ações policiais, seja naquilo que acha que nós controlamos e que elas saem sem nenhum cumprimento de atividade”, completou.
O ministro desconversou sobre a ameaça de Cunha em deflagrar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff caso a bancada do PT vote para a continuidade de seu processo de cassação no Conselho de Ética. Cardozo reforçou que não vê motivos para Dilma perder o mandato. “Eu não acredito que nenhuma situação externa, que não seja baseada na leitura da legalidade, possa implicar na promoção de uma situação que evidentemente não tem a menor base jurídica. Todos os pedidos de impeachment que foram apresentados não fazem nenhuma implicação qualificadora capaz de permitir”.
DELCÍDIO
O ministro da Justiça afirmou que foi surpreendido pela prisão do senador Delcídio do Amaral, então líder do governo, acusado de tentar atrapalhar as investigações do esquema de corrupção.
“A prisão do senador Delcídio deixou todos nós entristecidos, foram fatos que nos surpreenderam. Agora, evidentemente, cabe a Justiça, cabe a Polícia Federal fazer as investigações necessárias, com autonomia, para que tudo seja esclarecido e, evidentemente, a lei seja cumprida. Do ponto de vista político, o governo mantém seu diálogo com todas as lideranças políticas justamente para que possa dar sequência as suas ações governamentais dentro daquilo que será melhor para o Brasil”, afirmou.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes disse que o caso do senador agravou a crise política. “Estamos vivendo um momento de ... acho que houve um agravamento da crise política, pelo menos momentaneamente, e certamente isso pode ter desdobramentos. São tantas surpresas nesses casos que a gente realmente não tem nem palavras. O episódio em si mesmo é extremamente triste e lamentável em todas as dimensões”.
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