Menos de uma semana após iniciar uma reaproximação com o Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), parece ter abandonado a ideia de poupar a presidente Dilma Rousseff. O peemedebista negou na segunda-feira (19) que vá renunciar ao cargo e acusou o governo federal de protagonizar “o maior escândalo de corrupção do mundo”.
Presidente diz não acreditar na possibilidade de impeachment
Passeata pede que Cunha dê andamento ao impeachment
- São Paulo
Cerca de 300 manifestantes, segundo os organizadores, participaram de uma passeata na segunda-feira (19) em São Paulo para pressionar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a dar prosseguimento ao pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Os manifestantes defendem que seja levado ao plenário da Câmara o pedido assinado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr e Janaína Paschoal. Os manifestantes eram liderados pelo movimento Vem Pra Rua (VPR), uma das organizações responsáveis pela convocação das últimas manifestações contra a presidente . Com o mote “Natal sem Dilma”, o VPR afirma que vai se reunir novamente na quinta-feira se Cunha não encaminhar o pedido. “Nosso mote é o impeachment, e o primeiro passo é pressionar o Eduardo Cunha para que coloque em pauta no plenário da Câmara”, afirma Rogério Chequer, porta-voz do Vem Pra Rua. Os manifestantes, contudo, não fizeram menção às denuncias que envolvem o presidente da Câmara Eduardo Cunha, denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato.
As declarações foram dadas um dia após a presidente buscar se afastar do presidente da Câmara. “O acordo do Eduardo Cunha não era com o governo, mas com a oposição, que era público e notório”, disse a presidente, que completou: “Cunha não integra o meu governo. Eu lamento que seja com um brasileiro [as denúncias que o envolvem]”.
Em resposta, Cunha afirmou lamentar “que seja com um governo brasileiro o maior escândalo de corrupção do mundo”.
Nos bastidores, a declaração foi interpretada como o fim das negociações de Cunha com o Planalto para salvar o mandato tanto de Cunha como de Dilma. O governo tem apostado que Cunha terá de renunciar.
O presidente da Câmara também apresentou recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira contra liminares que suspenderam as regras de tramitação definidas por ele próprio para a abertura de processo de impeachment da presidente Dilma. Na semana passada, o STF concedeu três liminares que suspenderam as regras de tramitação determinadas por Cunha.
Contas na Suíça
O peemedebista também voltou a se negar a dizer na segunda-feira se tem ou não contas na Suíça ou comentar qualquer detalhe dos documentos que vieram a público nas investigações, entre eles o uso de seu passaporte diplomático para abrir algumas das contas que, até então, ele sempre negou ter.
Questionado seguidas vezes sobre isso, ele se limitou a dizer que seus advogados irão se pronunciar no momento adequado e que ele reitera os termos da nota que soltou na sexta-feira (16). Nesse texto, ele acusa a Procuradoria-Geral da República de perseguição política e de promover vazamentos de informações seletivas contra ele.
Presidente diz não acreditar na possibilidade de impeachment
- Estocolmo, Suécia
Questionada sobre a chance de abertura de um processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff afirmou na segunda-feira (19) que não acredita em um processo de “ruptura institucional”. A resposta foi a uma pergunta de uma jornalista sueca durante a declaração conjunta feita por Dilma e pelo primeiro-ministro da Suécia, Stefan Lofven, em Estocolmo.
A repórter quis saber se a ameaça de abertura de um processo de impeachment de Dilma põe em risco o acordo entre Brasil e Suécia para a compra de 36 caças Gripen NG por US$ 5,4 bilhões. Os aviões serão fabricados pela fábrica sueca Saab, que recebeu uma visita de Dilma na segunda. A negociação é o motivo principal de sua visita ao país nórdico.
Dilma respondeu, primeiramente, que a crise econômica no Brasil não afetará o acordo selado com os suecos porque, segundo ela, a turbulência é “conjuntural” e a economia do país é “sólida”.
Sobre a questão do impeachment, a presidente afirmou: “Também asseguro que o Brasil está em busca de estabilidade política e não acreditamos que haja qualquer processo de ruptura institucional. Nós somos uma democracia e temos tanto um Legislativo, como também um Judiciário e um Executivo independentes, que funcionam com autonomia e também harmonia”. “Não acredito que haja um risco de uma crise política mais acentuada”, completou.
Dilma também negou que o governo esteja tentando um acordo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para evitar o impeachment da presidente.
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