Diante da exploração política do leilão do campo de Libra pela oposição e por seus potenciais concorrentes na eleição de 2014, a presidente Dilma Rousseff voltou, na terça-feira, 22, a defender a operação. Ela se disse "bastante satisfeita" com o resultado.
Em Lisboa, por sua vez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as críticas têm motivação eleitoreira. "Pelo fato de estarmos entrando já num ano eleitoral, tem pessoas que têm vergonha de reconhecer os méritos do leilão de Libra, que foi extraordinário", afirmou.
Ele rebateu as críticas dos que dizem que os recursos não serão utilizados na educação e saúde, mas sim para ajudar o governo a cumprir a meta do superávit primário: "Penso que o dinheiro será aplicado naquilo que a lei aprovou no Congresso Nacional, ou seja, não há como ser diferente."
Tal como fizera na véspera, Dilma frisou que o leilão não representou a privatização do campo petrolífero. "É bom lembrar que, com o modelo de partilha, a União, os Estados e os municípios ficam com 85% das receitas se você considerar também a Petrobrás", disse, durante a cerimônia de sanção da lei do programa Mais Médicos. E emendou: "É bom explicar que nesses 85% 75% é da União e 10%, da Petrobrás. Aqueles que falam em privatização no mínimo desconhecem essas contas", afirmou.
Para chegar ao número de 85%, o governo somou a parte da produção que caberá diretamente à União (41,65%) à parte que caberá à Petrobrás (ou seja, 40%, que é a parte da empresa no consórcio, de 58,35%, o que daria 23,34%). Isso significa uma participação de 64,99%. Com os impostos a serem pagos, essa fatia chegaria aos 85%.
"O governo está satisfeito com o leilão, acha o consórcio sólido está satisfeito com o que lhe cabe da receita, está satisfeito com a destinação dessa riqueza, dessa alquimia que nós conseguimos, porque nós transformamos e vamos transformar petróleo em educação, petróleo em saúde", disse. Esses recursos, porém, só irão para esses setores quando o campo começar a produzir, o que ainda vai demorar alguns anos.
Ao ser questionada se não considerava ruim apenas um grupo ter se candidatado à concorrência, a presidente respondeu que "há uma certa incompreensão sobre o tamanho dessa reserva". No auge da produção, disse ela, Libra estará produzindo 1,4 milhão de barris/dia, mais de 70% de tudo o que o País produz hoje.
Ela rechaçou a necessidade de mudar qualquer ponto do modelo do pré-sal. "Não vejo onde esse modelo precisa de ajustes. Não tem por que modificar conteúdo nacional, não tem por que modificar papel da PPSA, não tem por que tirar os 30% da Petrobrás. Então, aqueles que querem mudar isso, mostrem as suas faces e defendam, não atribuam ao governo o interesse em modificar qualquer coisa." Colaborou Jair Rattner. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.