Cultura e Esporte, os “primos pobres” no orçamento de Curitiba

As fatias destinadas às áreas de Cultura e Esporte e Lazer em Curitiba mal serviriam para se descobrir o gosto do "bolo orçamentário" na cidade. A Cultura recebeu 0,89% dos recursos municipais para o ano de 2012 – em 2001 o orçamento da área não era muito maior, de 1%. E a secretaria de Esporte e Lazer, apesar de ter recebido um incremento nos últimos 12 anos, administra apenas 0,78% dos recursos municipais.

VÍDEO: Especialista comenta políticas públicas para o esporte

Nesse período a prefeitura priorizou a revitalização de espaços culturais já existentes à construção de novos. De 2000 para cá a cidade ganhou dois teatros: o Dr. Botica, antes privado e que foi assumido pela Fundação Cultural de Curitiba em 2010, e o Teatro Novelas Curitibanas, que virou espaço cultural em 1992, foi fechado em 1999 e reaberto em 2006 após uma reforma. A Capela Santa Maria é outro exemplo do caminho tomado nos últimos anos. Pertencente à Congregação Marista, foi restaurada pelo município e transformada em casa de concertos em 2008.

Cinemas da Fundação a cidade perdeu três: Ritz, Groff e Luz. A promessa é que Ritz e Luz sejam reabertos em um novo centro cultural, que deve ter as obras iniciadas até o fim do ano.

Para a produtora cultural e bailarina Loa Campos, faltam espaços culturais na cidade, e ela cita como exemplo a área de dança, que conhece mais. "Os únicos espaços destinados à dança são a Casa Hoffmann e o Teatro Cleon Jacques, os dois em regiões centrais. Apenas dois espaços em toda Curitiba não abarcam a demanda que cresce cada vez mais", diz. Para Loa, esse problema passa pelo orçamento. "A lei prevê até 1% do orçamento total do município para a cultura. É pouco partindo da produção cultural que existe na cidade. A luta atual da classe artística é para alterar esse até 1% para no mínimo 1% obrigatoriamente", diz.

Esporte e Lazer

A área de Esporte e Lazer saltou de um orçamento de 0,18% em 2001 para 0,78% neste ano. A grande novidade são as Academias ao Ar Livre, que começaram a ser instaladas em 2009. A primeira foi no Parque Barigui e hoje são 111 pela cidade. Essa proliferação é possível porque elas têm um custo relativamente baixo, de R$ 20 mil para a compra dos equipamentos. O professor da UFPR Fernando Mezzadri, especialista em políticas públicas para a área de esporte e lazer, diz que elas são interessantes porque incentivam a prática esportiva, porém poderiam ter uma estrutura melhor. "É importante ter um piso bom, uma cobertura, que também não é cara, pois nem todo dia é possível ocupar esses espaços devido ao nosso clima", diz.

A grande contribuição que o poder público pode dar para a área de esportes, porém, está na pasta da Educação. "Esporte é uma manifestação cultural de uma cidade e por isso deve ser inserido no âmbito escolar, na formação cultural da sociedade. Precisa ser fortemente apoiado na escola para que haja uma cultura esportiva, para que a população ocupe os espaços, e é preciso que esse hábito comece nos esportes praticados na escola", diz Mezzadri.

Ele acredita que falta no Brasil um Plano Nacional de Esportes, que defina as ações dos governos federal, estadual e municipal para a área. Sem esse plano, as prefeituras acabam assumindo todas as responsabilidades, seja esporte como lazer, de alto rendimento, como promoção à saúde, reabilitação ou qualidade de vida. Para Mezzadri, que também é membro de um comitê da Secretaria Estadual para a Copa do Mundo de 2014, a Copa e a Olimpíada no Brasil devem deixar um legado capaz de organizar as responsabilidades de cada ente da administração pública para avançar a prática de esportes no país.

Vida Pública | 2:15

O que o prefeito que será eleito em outubro pode fazer para incentivar as práticas de esporte e lazer na cidade. O professor Fernando Mezzadri, especialista em Políticas Públicas para Esporte e Lazer, fala sobre o tema.