O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta terça-feira (5), que foi “escolhido” pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para ser investigado por uma “querela pessoal”. Em manifestação encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Janot afirmou que existem “elementos muito fortes” para continuar a investigação do peemedebista por suposta participação no esquema de corrupção apurado pela Operação Lava Jato.
Na avaliação de Cunha, o procurador-geral foi “contestado” publicamente e por isso insiste em mantê-lo como alvo da investigação. “Ele está numa querela pessoal. Não há dúvida com relação a isso”, disse Cunha. “Ele está fazendo uma investigação própria, insiste em me escolher para investigar”, emendou.
O documento da PGR é uma resposta ao recurso apresentado pela defesa de Cunha no qual é solicitado o arquivamento do inquérito contra o peemedebista. Janot chamou de “despropositada” a versão apresentada pelo presidente da Câmara que alegava “fraude” no sistema de informática da Casa, que apontava o parlamentar como autor de requerimentos que motivaram a investigação na Lava Jato.
Para o presidente da Câmara, a apuração da PGR se baseia em matérias jornalísticas e que visam a tentar criar constrangimento. “Não vai me constranger. Estou absolutamente tranquilo.”
Aos jornalistas, Cunha disse que “provou” em seu agravo regimental que outras pessoas deveriam ser investigadas e não compõem a lista de políticos sob suspeita. “Ele escolheu a mim e não outros. Ele tem que explicar por que, por exemplo, arquivou o inquérito contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS)”, disse.
Youssef “orientou” depoimento de Jayme Careca à força-tarefa
- SÃO paulo
- Estadão Conteúdo
O agente da Polícia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse à Justiça Federal no Paraná que o doleiro Alberto Youssef lhe passou nomes e endereços que deveria citar em seu primeiro depoimento à força-tarefa, em novembro de 2014.
Na segunda-feira (4), ao ser interrogado pelo juiz Sergio Moro, o policial contou que o delegado da Polícia Federal Márcio Anselmo lhe disse que se não prestasse nenhuma colaboração “ia ficar preso até o dia da audiência”.
Segundo ele, o delegado da PF o orientou a falar com o doleiro na cadeia. Os dois, Jayme Careca e Youssef, estavam presos na Custódia da PF em Curitiba, vizinhos de cela. “Vai que o Alberto [Youssef] vai lhe ajudar a fornecer os nomes. [O delegado] me forneceu uma carga de caneta e um pedaço de papel. Voltei para a carceragem, no dia seguinte eu ia ser ouvido e assim eu fiz. Fiquei lá, minha cela era ao lado da dele [Youssef], falou endereço tal era fulano, beltrano e tal e eu fui anotando mecanicamente, era tanto, não era tanto...”, disse Careca. “Apresentei os nomes que me forneceram, os valores, e passei adiante aquilo.”
Em novembro, Careca afirmou ter entregue R$ 1 milhão ao senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), a pedido de Youssef. O agente contou ainda ter entregue dinheiro no Rio de Janeiro, que teria como destinatário o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ambos são investigados em inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal. Eles rechaçam qualquer relação com o esquema de corrupção na Petrobras.
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