O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta quinta-feira, 19, a decisão de retirar os acampamentos que estão em frente ao Congresso Nacional. Segundo Cunha, não há capacidade das polícias legislativas e nem da polícia do Distrito Federal de garantir a ordem e a segurança no local. “Não é pela vedação a manifestação, é simplesmente porque há uma incapacidade de dar segurança”, disse. A decisão foi anunciada após reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB).
Cunha explicou que o grupo que iniciou o acampamento com pedidos de impeachment há cerca de um mês, e que teve sua autorização para permanecer no gramado, terá um prazo de 48 horas para deixar o local. Segundo Cunha, um outro grupo que chegou ontem e não tinha autorização concordou em desarmar as barracas ainda hoje.
Há ainda outros grupos, os que defendem a intervenção militar, após a alameda das bandeiras, que é uma área do Distrito Federal. De acordo com Cunha, esses grupos nunca tiveram autorização e a retirada será negociada diretamente com o governador Rodrigo Rollemberg.
Cunha destacou que a noite de ontem na área dos acampamentos foi bastante agitada “com drogas e princípio de conflito”. “Avaliamos que é uma situação delicada e, em função disso, nós tomamos a decisão de tentarmos buscar saída de consenso”, disse. Ontem à tarde, houve conflito na área entre membros do grupo de manifestantes militares e integrantes da Marcha das Mulheres Negras. Foram registrados tiros e dois manifestantes foram presos.
Questionado se havia errado ao autorizar os grupos pró-impeachment de acampar no gramado do Congresso, Cunha afirmou que não. “Eu não acho que errei. Eu concedi (autorização) a um grupo determinado, em número pequeno, que estava aí com um prazo que, aparentemente, era determinado. O prazo foi ficando indeterminado, o contingente foi aumentando, e passou a atrair forças antagônicas e passou a ter um outro tipo de dimensão”, disse, ressaltando que a partir de agora será mais rigoroso. “Em função do que aconteceu, e para não estimular, não vamos mais conceder autorização.”
Cunha permitiu que o grupo pró-impeachment acampasse no auge das análises dos pedidos de afastamento da presidente Dilma Rousseff e quando ainda não era alvo de um processo no Conselho de Ética por quebra de decoro. O presidente, que é investigado por corrupção, é acusado de mentir na CPI afirmando que não tinha contas na Suíça.
Segundo Cunha, esse grupo não deve causar problemas para sair. “Nós acolhemos eles, sem nenhum tipo de constrangimento, esses dias todos. Eles não colocarão qualquer tipo de resistência para que essa retirada se dê de forma pacifica”, afirmou.
Distrito Federal
O governador afirmou que dará o mesmo prazo de 48 horas concedido pelos presidentes da Câmara e do Senado para a retirada dos acampamentos na área que concerne ao Distrito Federal. “Esperamos que eles saiam pacificamente, senão nós vamos usar os meios necessários para fazer a desobstrução”, afirmou.
Rollemberg confirmou que pode ser feito o uso da força. “Os meios necessários são aqueles previstos na Constituição Federal, o Estado pode usar a força para cumprir a Constituição.”
À tarde, um dos líderes do acampamento que está na área de responsabilidade do Distrito Federal, e que defende a deposição do governo e a “intervenção popular”, Felipe Porto, afirmou que não há chances de que o movimento deixe o local de forma pacífica. “Vamos resistir. Estamos armados e, se houver isso (retirada), vai ter uma carnificina aqui”, afirmou.
O governador titubeou quanto ao uso de armas letais contra manifestantes armados e se limitou a dizer que “a polícia de Brasília tem o menor índice de letalidade do Brasil”.
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