Imaginemos que a oposição não consiga os 342 votos necessários para derrubar a presidente Dilma Rousseff. Uma eventual vitória da petista, porém, está longe de enterrar o ameaça do impeachment. A aliados e líderes partidários, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adiantou que vai instaurar um novo processo caso o primeiro seja derrotado.
O “plano B” – considerado até mais contundente que o atual – é o pedido de impedimento apresentado nesta semana pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Enquanto isso, o país viverá assombrado pelo impeachment sem fim.
O maior temor da ala pró-impeachment não está na possibilidade de o Palácio do Planalto conseguir os 172 votos que garantiriam o mandato a Dilma, mas na ausência de deputados em número suficiente para minar a oposição. Por isso, Cunha já se prepara para uma sessão arrastada – provavelmente no dia 17 de abril, um domingo −, em que deve anunciar a todo momento o nome dos parlamentares ausentes.
Por ora, a ala anti-Dilma trabalha com a certeza do impeachment, numa estimativa de que ela não terá mais do que 140 votos a favor. No entanto, caso a batalha seja perdida, a guerra continuará. Para o deputado Sandro Alex (PPS-PR), ainda que escape do primeiro processo na Câmara, o governo sairá enfraquecido.
“Vitória não significará governabilidade nem o fim dos problemas. O governo está refém do mal feito. Novas denúncias da Lava Jato não pararão de surgir. Eles se livram de um problema e logo aparece outro”, afirma. “Até quando eles conseguirão negociar no balcão de cargos? Haverá mais e mais dissidentes, até chegar o momento em que eles não conseguirão entregar o que prometeram.”
Para o também paranaense João Arruda (PMDB), a única chance de novos processos de impeachment não serem abertos é se o governo conseguir uma votação favorável expressiva, acima de 200 votos. “Do contrário, na semana seguinte a esse primeiro pedido, o Cunha instaura outro processo. E vai ser assim ao longo de todo o ano.”
Nesse cenário de impeachment sem fim, o grande risco prático para o dia a dia da população é de o governo e o Congresso seguirem paralisados. “De fato, há uma paralisia em todos os órgãos. Mas qual o programa da presidente senão sobreviver no governo? A cada dia ela se afunda na própria agonia. Não tem um plano para o país, e isso também contamina o Congresso”, lamenta Sandro Alex
STF decide sobre atuação da polícia de São Paulo e interfere na gestão de Tarcísio
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento