Denunciado sob acusação de envolvimento no petrolão e dono de patrimônio oculto no exterior, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), perdeu na quarta-feira (11) o apoio de parte da oposição, mas recebeu o suporte das principais siglas governistas.
O que acontecerá com Eduardo Cunha?
As próximas etapas do processo contra o presidente da Câmara no Conselho de Ética.
+ VÍDEOSNota assinada por PMDB, PR, PTB, PP, PSD, PSC, Solidariedade (este de oposição) e outras 6 legendas nanicas ratifica “o total apoio e confiança” na condução que Cunha vem fazendo no comando da Câmara, além de defender que ele tenha direito ao princípio constitucional da presunção da inocência.
Adversário de Cunha é alvo do Conselho de Ética
O Conselho de Ética da Câmara instaurou na quarta-feira (11) o processo de cassação de um dos adversários do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o líder do PSol, Chico Alencar (RJ). A instalação ocorre um dia após o deputado Paulinho da Força (SD-SP), um dos aliados mais próximos de Cunha, assumir uma vaga no Conselho. Foi o próprio líder do Solidariedade quem protocolou a representação contra Alencar.
Paulinho acusa Alencar de financiamento ilegal de campanha e uso de notas frias de suposta empresa fantasma para receber cota parlamentar.
Alencar, que acompanhou a sessão do Conselho, afirmou que as acusações contra ele são “frágeis” e já foram explicadas em outras instâncias. “Ofende o Conselho de Ética, sobrecarregando-o com um trabalho desnecessário, numa tentativa vã de intimidação.”
Nos bastidores, Cunha espera que outros pedidos a serem julgados no Conselho de Ética retirem os holofotes sobre seu caso.
Redigido no gabinete da liderança do governo na Câmara, o texto foi apoiado nos bastidores pelo PT e pelo Planalto, que, porém, não o subscreveram para não imprimir digitais tão claras de apoio a Cunha. As bancadas que assinaram o texto somam 246 dos 513 deputados.
A divulgação da nota foi uma reação ao anúncio público do rompimento do PSDB, o principal partido de oposição, com o presidente da Câmara.
Nos últimos tempos, o peemedebista vinha negociando apoio contra o processo de cassação de seu mandato com governo e oposição. Os dois lados tentavam influenciá-lo, cada qual em uma direção, sobre a decisão de dar sequência ou não ao principal pedido de impeachment contra Dilma Rousseff (PT), que há 22 dias repousa em sua gaveta.
Rompimento
O PSDB formalizou o rompimento em uma entrevista coletiva, na divulgação de uma nota e em uma manifestação no plenário da Casa, no momento em que Cunha presidia a sessão. As explicações do peemedebista para negar o envolvimento no escândalo do petrolão foram classificadas pela legenda como “desastrosas”.
A sigla reiterou o pedido de que Cunha se afaste da presidência e afirma que não participará mais das reuniões que ele venha a promover com líderes partidários.
Além disso, indicou que votará pela cassação de Cunha no Conselho de Ética caso ele não apresente provas contundentes de sua inocência.
A inflexão do PSDB deve ser seguida por DEM e PPS, deixando apenas o Solidariedade ao lado de Cunha no campo oposicionista.
A mudança tem duas razões. A primeira: a certeza de que Cunha firmou um pacto com o governo para travar o impeachment em troca de ter o empenho dos governistas contra sua cassação. A segunda: a percepção de que chegou a um limite o desgaste público de manter a defesa do presidente da Câmara mesmo com todas as evidências que pesam contra ele.
“O PSDB não me apoiou na minha eleição à presidência. (...) Cada um tem o direito de se posicionar como quer”, se limitou a dizer Cunha. Nos bastidores, porém, ele demonstrou grande insatisfação com a “deslealdade” que atribui aos tucanos.
Entenda o caso
Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob a acusação de envolvimento no escândalo de desvio de recursos da Petrobras. Depois vieram à tona dados de que omitiu patrimônio milionário em contas na Suíça, o que ele havia negado em depoimento à CPI da Petrobras. Só recentemente Cunha admitiu a ligação com essas contas, que ele diz serem lícitas.
Minimizou
Ao se posicionar publicamente sobre o distanciamento do PSDB, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou irritação e defendeu o direito de cada sigla “se posicionar como quer”, contestando ainda o fato de tucanos serem seus aliados. Contra isso, argumentou que o partido apoiou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) nas eleições para a presidência da Câmara.
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