Em nota divulgada na manhã desta sexta-feira (8), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a negar aumento de renda entre 2011 e 2014, e reiterou, como tem feito desde que começaram a vir à tona notícias de seu envolvimento com a Operação Lava Jato , que “existe uma investigação seletiva do PGR [Procuradoria-Geral da República]”.
A reportagem revelou nesta quinta-feira (7) que a Receita Federal identificou indícios de um aumento patrimonial incompatível com os rendimentos da família de Cunha que totalizam R$ 1,8 milhão entre 2011 e 2014. Desses, a variação do patrimônio sem justificativa somente de Cunha é de R$ 613 mil. Já de sua mulher, fica na casa dos R$ 1,1 milhão e da filha, por volta dos R$ 60,9 mil.
STF autoriza quebra de sigilo bancário e fiscal de Eduardo Cunha
Leia a matéria completaMinistério da Justiça rebate Cunha e diz que apura todo caso de vazamento ilegal
Leia a matéria completaConforme a nota divulgada nesta sexta, na qual o deputado nega o aumento patrimonial indevido, o que ocorreu no período foi “uma perda de R$ 185 mil, devidamente registrada nas declarações de renda”.
No texto, Cunha também “lamenta a atitude seletiva do ministro da Justiça, que nunca, em nenhum dos vazamentos ocorridos contra o presidente da Câmara, solicitou qualquer inquérito para apuração”.
Na quinta, após notícias de troca de mensagens entre o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e o ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, que constam no inquérito da Lava Jato, José Eduardo Cardozo pediu que o vazamento das investigações fossem investigados. “Bastou citarem algum integrante do governo para ele, agindo partidariamente, solicitar apuração imediata”, afirmou o peemedebista.
Mais uma vez, Cunha negou ter recebido vantagens indevidas. Ao dizer que há por parte da PGR uma investigação seletiva, o presidente da Câmara diz achar estranho “que nenhuma autoridade citada no tal relatório de ligações do sr. Léo Pinheiro tenha merecido a atenção relativa ao caso, já que tal relatório faz parte de duas ações cautelares movidas contra Eduardo Cunha – incluindo um pedido de afastamento – e contra membros do governo não existe nem pedido de abertura de inquérito”.
Quebra de sigilo
Em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Cunha, sua mulher, Cláudia Cruz, sua filha, Danielle Dytz da Cunha, além de pelo menos três empresas ligadas à família.
A decisão do ministro Teori Zavascki, relator do processo da Lava Jato no Supremo, atendeu a um pedido do procurador-geral, Rodrigo Janot. Cunha, a mulher e a filha são investigados por suspeitas de terem mantidos contas secretas no exterior que teriam sido abastecidas com recursos desviados de negócios da Petrobras na África.
Com as quebras, os investigadores pretendem obter detalhes da movimentação financeira do presidente da Câmara e do possível uso irregular de suas empresas na área de comunicação, além de avaliar a relação do deputado com pessoas próximas.
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