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Três integrantes da cúpula da Camargo Corrêa foram transportados em carro da Polícia Federal neste sábado (15) para Curitiba após se entregarem em São Paulo.

O presidente do conselho administrativo do grupo, João Auler, e o presidente da empreiteira, Dalton Avancini, se apresentaram a um delegado da Operação Lava Jato em um hotel ao lado da sede da PF em São Paulo, na Lapa (zona oeste) na manhã deste sábado. O delegado estava hospedado no hotel.

LISTA: confira para quem são os mandados de prisão e quais já foram cumpridos.

Eles devem ficar presos por cinco dias, o prazo da prisão temporária.

O vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, havia se apresentado no final da tarde de sexta-feira (14), mas também foi levado no carro da PF a Curitiba. Ele ficará preso por 30 dias, renováveis por mais 30.

O grupo Camargo Corrêa, que tem 67 empresas e 65 mil funcionários, faturou R$ 25,8 bilhões no ano passado.

Jatinho próprio

Outro dirigente que estava foragido, Sérgio Mendes, vice-presidente da Mendes Júnior e herdeiro do grupo, preferiu voar em seu jatinho até Curitiba para se entregar, segundo o jornal "O Estado de São Paulo". Ele trabalha em Brasília e dizia ser constrangedor para um herdeiro da Mendes Júnior ser conduzido em avião da PF.

O presidente da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, se entregou na tarde desta sexta-feira após ter-se escondido em vários hotéis de luxo. No dia em que foi preso, Colares Filho estava hospedado no Fasano Arpoador, no Rio de Janeiro. A diária de um apartamento com vista para o mar no Fasano custa R$ 2.610.

Conta corrente

A Camargo Corrêa tinha uma espécie de conta corrente com o doleiro Alberto Youssef, segundo os investigadores da Operação Lava Jato, que era usada para o repasse de suborno. Numa conversa telefônica captada pela PF, o doleiro reclamou que a empresa lhe devia R$ 12 milhões e não queria pagar.

A Camargo lidera um consórcio que tem o maior contrato individual da refinaria Abreu e Lima, de R$ 3,4 bilhões.

Auler, Avancini e Leite foram citados pelo doleiro como seus contatos na empreiteira. Segundo Youssef contou ao juiz federal Sergio Moro em outubro, a Camargo Corrêa repassava subornos usando a Sanko, empresa que fornece tubos para a obra da Petrobras. A Sanko recebeu R$ 113 milhões da Camargo Corrêa e repassou R$ 29,2 milhões a empresas do doleiro que só existiam para receber propina, segundo escreveu o juiz Sergio Moro no decreto de prisão. As empresas de Youssef não tinham funcionários nem capacidade para prestar os serviços de consultoria para o qual foram contratadas, segundo o próprio doleiro.

O advogado Celso Vilardi, que defende os executivos da Camargo, refuta a hipótese de que a empresa repassou recursos à Sanko que teriam sido usados para pagar suborno. Segundo ele, todos os serviços foram prestados pela Sanko e isso pode ser comprovado no canteiro de obras da refinaria, em Pernambuco.

Vilardi vai ingressar com um pedido para que seus clientes sejam liberados. Segundo ele, a prisão preventiva existe apenas para instrução processual, o que já aconteceu. "Essas prisões não têm sentido porque o objeto delas não existe mais."

O advogado de Eduardo Leite, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, também vai ingressar com pedido de habeas corpus por considerar que não há motivos legais que justifiquem a prisão.

O advogado da Sanko, Luis Flávio Borges D´Urso, nega que a empresa tenha feito repasse de propina para a Camargo por meio do doleiro. Segundo ele, todos os recursos recebidos da Camargo foram resultado de serviços prestados pela Sanko.

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