Diante de uma plateia de empresários, os principais dirigentes da Câmara e do Senado fizeram críticas neste domingo (19) à condução do governo de Dilma Rousseff, ao processo de discussão do ajuste fiscal e à atuação do PT no Congresso.

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Os discursos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e de Romero Jucá (PMDB-RR), vice-presidente do Senado, evidenciaram o distanciamento entre o Palácio do Planalto e o Congresso, apesar dos esforços de Dilma para reconstituir sua base aliada -como a indicação do vice-presidente Michel Temer (PMDB) para o comando da articulação política.

Durante seminário no Fórum de Comandatuba, no Sul da Bahia, Cunha afirmou que pretende ampliar a independência da Câmara em relação ao Planalto e justificou que os governos do PT não se caracterizam por um processo de formação de alianças, mas de “submissão”.

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“Nunca existiu sob o PT um presidencialismo de coalizão. Sempre houve um processo de submissão: ou você concordava em estar submisso ou você não era um aliado”, disse. “Se houvesse uma coalizão, as crises políticas não existiriam ou seriam muito mais facilmente contornadas.”

O presidente da Câmara declarou que o governo falhou na apresentação do ajuste fiscal e indicou que esse processo ampliou a desconfiança do país em relação ao governo. “Falta uma boa comunicação para explicar por que precisamos de um ajuste duro e quais serão as consequências desse ajuste. Com uma boa explicação, essa informação será mais bem deglutida e menos contestada pela sociedade.”

Cunha fez ainda uma crítica indireta ao comportamento do PT e de parte do governo em relação ao projeto que regulamenta a terceirização, que deve ser votado na Câmara na próxima quarta quarta-feira (22).

“Não se pode aceitar que uma parte da sociedade que queira fazer a discussão de uma maneira politica, com atraso para a economia, possa fazer valer sua opinião em detrimento da realidade”, afirmou Cunha.

O vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que discursou em nome do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que o governo federal perdeu sua credibilidade e apontou que o Congresso deve tomar as rédeas da recuperação da economia brasileira.

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“O Brasil é maior que o governo e é maior que qualquer crise. Estamos trabalhando hoje em harmonia, o Senado e a Câmara. Vamos ser a vanguarda daquilo que precisa mudar no país. O Congresso se acostumou a ser puxado pelo Executivo, mas isso não vai mais acontecer”, afirmou Jucá.

O senador disse que o Planalto tomou decisões políticas e econômicas equivocadas após a reeleição de Dilma. “Precisamos recuperar aquilo que perdemos nos últimos quatro anos: segurança jurídica, credibilidade do governo e previsibilidade da economia.”

Jucá, que em 2014 apoiou a candidatura de Aécio Neves (PSDB) ao Palácio do Planalto, criticou até a política externa dos governos petistas. “Não podemos estar alinhados com o que há de pior no mundo. O Brasil tem que retomar seu lugar na América do Sul. Não podemos estar alinhados com a Venezuela, a Bolívia, o Equador e a Argentina”, disse o vice-presidente do Senado.