Um clima de irritação e desconfiança tomou conta da cúpula do PMDB, após seus caciques avaliarem que as reações do governo foram pouco solidárias com o partido após uma nova onda de denúncias envolvendo a Petrobras e políticos da legenda. Numa breve reunião na quarta-feira no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Michel Temer, membros da cúpula do PMDB avaliaram que até agora a presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição pelo PT, não fez uma defesa do governo no episódio.
Ela tampouco fez gestos políticos para tranquilizar aliados peemedebistas, nem mesmo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse à Reuters uma fonte do partido que estava no encontro. "O clima é de irritação e de desconfiança", resumiu a fonte.
O PMDB é o maior partido aliado da presidente no Congresso e os dois partidos têm alianças nas disputas estaduais de vários Estados, enquanto em outras disputas se enfrentam diretamente. Lobão, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o ex-líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), teriam sido citados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em depoimentos de delação premiada que ele concede à Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato.
Os nomes foram divulgados pela revista Veja no último final de semana, mas não há detalhes sobre em que contexto esses políticos da cúpula peemedebista foram citados pelo ex-diretor, que também teria envolvido outros importantes peemedebistas: a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.
A relação do PMDB com o governo e com o PT tem sido permeadas pela desconfiança mútua, mas a denúncia e a reação do governo e da candidata à reeleição elevaram a irritação da cúpula da legenda.
Os peemedebistas, segundo a fonte, não desconfiam do envolvimento do governo com o vazamento "seletivo" do depoimento de Costa, mas ficaram intrigados pela lista divulgada pela revista ter mais peemedebistas do que membros de outros partidos. E também não gostaram da postura de Dilma no caso. Acreditam que ela não se empenhou na defesa do maior aliado. "Eles estão vendo que o jabuti está em cima da árvore. Como jabuti não sobe em árvore e nem teve enchente, alguém o colocou lá", ilustrou a fonte.
Essa fonte também afirmou que a avaliação na reunião também tinha o componente emocional, porque um dos alvos é Lobão, que é muito querido na legenda. E, claro, está misturada com as desavenças eleitorais nos Estados.
Apesar da irritação, os caciques peemedebistas não teriam definido uma reação conjunta, até porque por enquanto não houve desdobramentos da denúncia do final de semana.
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