Integrantes da cúpula do PT na Câmara dos Deputados já preparam estratégia para impedir a ida do empresário Marco Valério à Casa para prestar esclarecimentos sobre o suposto envolvimento do ex-presidente Lula com o esquema do mensalão operado pelo empresário.
Valério afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou despesas pessoais de Lula em 2003, por meio de depósitos na conta de uma empresa do ex-assessor pessoal de Lula, Freud Godoy, segundo revelou o jornal O Estado de S. Paulo.
O líder do PSDB na Casa, Bruno Araújo (PE), informou no início da tarde desta terça-feira (11) que irá apresentar requerimentos nas Comissões Técnicas para que Valério apresente e detalhe as informações que prestou no Ministério Público Federal.
Segundo o líder do PT, Jilmar Tatto (SP), o partido vai trabalhar para derrubar todos os requerimentos. A mesma estratégia foi adotada na semana passada quando todos os requerimentos convidando os servidores citados na Operação Porto Seguro foram derrotados nas comissões temáticas da Câmara.
"Se depender de nós do PT, de jeito nenhum. Não tem o porquê. O Marco Valério tem que estar preocupado com as condições da cadeia e não vir aqui prestar depoimento", disse Tatto.
O petista se referia ao fato de que o empresário foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão a 40 anos, 4 meses e 6 dias de prisão, além do pagamento de R$ 2,7 milhões em multa. Além de Valério também foram condenados o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-ministro José Dirceu.
Tatto desclassificou ainda o depoimento de Valério ao Ministério Público Federal. "Quem faz esse tipo de depoimento depois de anos é porque é uma medida de desespero e não tem mais credibilidade, se é que teve um dia, para poder falar do presidente Lula."
Ainda de acordo com a reportagem, Valério também relatou que Lula avalizou pessoalmente, em encontro no seu gabinete, no Palácio do Planalto, os empréstimos contraídos junto ao Banco Rural para alimentar o esquema de compra de apoio parlamentar. Segundo Valério, suas despesas com advogado são pagas pelo PT.
Ao longo de mais de quatro meses de julgamento, o STF definiu que o mensalão foi um esquema de desvio de recursos públicos e empréstimos fictícios para a compra de apoio de político no Congresso no início do governo Lula (2003-2010).
As falas de Valério foram recebidas com cautela pelo Ministério Público Federal, uma vez que a declaração poderia ser uma movimentação para se livrar da condenação. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, já chegou a chamar o empresário de "jogador".
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