
E agora?
Veja o que pensam alguns dos envolvidos na campanha das Diretas sobre a democracia no Brasil, 25 anos depois:
"A democracia está em sua plenitude. Mas temos problemas. Os partidos são anárquicos e há uma falta de seriedade no meio político. São problemas que temos de resolver."
Pedro Simon (PMDB-RS), senador.
"Há uma descrença generalizada nos políticos, mas o povo está sempre pronto a renovar suas esperanças."
Alvaro Dias (PSDB-PR), senador.
"O país deu um salto fantástico e vive agora plenamente a democracia."
Alceni Guerra, secretário do Planejamento de Curitiba.
"Hoje há muito mais liberdade, mas o Estado em si tem pouca força."
Marion Brepohl, professora de História da UFPR.
Curitiba foi palco, em 12 de janeiro de 1984, do primeiro grande comício em todo o país da campanha Diretas Já. "Foi um acontecimento marcante. Nós lotamos a Boca Maldita com uma convocação bastante amadora. Dissemos que íamos fazer, distribuímos alguns panfletos e só", lembra o advogado e ex-deputado estadual e federal Nilson Sguarezi. "Mesmo assim, o povo compareceu. E vieram porque a causa era boa. Havia, no mínimo, 30 mil pessoas na Boca", diz ele.
O líder da organização do comício em Curitiba foi o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que na época era presidente do PMDB estadual. "O dr. Ulysses Guimarães queria que alguém organizasse o primeiro grande comício pela eleição direta. Eu, como presidente do partido no Paraná, me dispus a organizar o evento em Curitiba", afirma Alvaro. "Organizamos o comício em 12 dias e o resultado surpreendeu. Conseguimos reunir 60 mil pessoas na Boca Maldita."
As lembranças do advogado Luiz Haj Mussi sobre o evento são de um número mais modesto que os de Dias e Sguarezi. "Acredito que conseguimos reunir entre 10 mil e 15 mil pessoas. Da Voluntários da Pátria até a Ébano Pereira, estava tudo lotado", conta Mussi, que era secretário de Segurança do Paraná na época e foi o responsável por manter a ordem do evento. "Sabíamos que corríamos um risco muito grande. Além de sermos pioneiros, ainda havia um clima de medo e de angústia, sem saber o que podia acontecer. Mas correu tudo bem, tranquilamente."
Dúvidas
Como Curitiba foi pioneira na campanha pelo voto direto para presidente, até mesmo políticos de oposição não acreditavam que o comício teria sucesso. O governador do Paraná na época, José Richa, membro do PMDB, partido que levantou a campanha das Diretas Já, era um dos descrentes, segundo relato de Alvaro Dias. "O Richa nos desaconselhou porque não havia uma tradição na cidade de grandes comícios e por ser um período de férias, em que muita gente estava na praia. Mesmo assim, eu assumi a responsabilidade", diz o senador.
"Combinei com o Richa que ligaria a ele para dizer como estava o evento. Dependendo do número de pessoas, ele apareceria. Então eu liguei para o Richa do Hotel Del Rey (localizado na Boca Maldita) e disse: A Polícia Militar conta que há 60 mil pessoas aqui e ele respondeu: Você está brincando! Então, o Richa apareceu lá, subiu ao palanque e discursou. Nunca se viu tanta gente na Boca Maldita como naquele dia", lembra Alvaro.
O senador conta ainda que o pioneirismo de Curitiba não ficou apenas na realização do primeiro grande comício das Diretas Já. Também foi a partir do evento de Curitiba que o locutor Osmar Santos passou a ser o apresentador oficial do movimento o que ajudou a atrair artistas para a campanha. "Eu tive a ideia de chamar o Osmar Santos no dia que o vi narrando a corrida de São Silvestre. Sabia que o locutor dos comícios tinha de ser alguém que tivesse jogo de cintura como ele. Apostei nisso aqui em Curitiba e o Osmar acabou indo a todos os outros comícios."
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