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 | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Quem é

Ratinho Júnior (PSC)

- Nasceu em Jandaia do Sul, em 1981.

- Foi deputado estadual entre 2003 e 2006, atualmente exerce o segundo mandato como deputado federal.

Deputado federal mais votado no Paraná na última eleição, Ratinho Júnior (PSC) garante que estará na disputa para a prefeitura de Curitiba neste ano. Apesar de fazer parte da base de apoio ao governo federal, ele descarta qual­­quer possibilidade de aliança que o faça desistir de ser candidato. O jovem parlamentar de 30 anos coloca a sua candidatura como "independente". "A vantagem dessa minha independência é que eu consigo transitar por todos os grupos políticos. Eu tenho um ótimo relacionamento com o governador Beto Richa e tenho um bom trânsito também no governo federal", diz.

Embora afirme ter bom relacionamento com Richa, ex-prefeito de Curitiba, Ratinho Júnior não poupa críticas aos últimos administradores da capital. Para ele, os prefeitos falharam por não planejar a cidade para as pró­­ximas décadas. "A maior inovação da cidade de Curitiba é um ônibus de 40 lugares a mais. E is­­so não é nenhuma inovação. Pe­­lo contrário, é uma solução pa­­liativa. [Isso acontece] Porque não se planejou o trans­­porte nos últimos 20 anos. O sistema que nós temos hoje é da década de 1980."

Como o senhor vê a ideia de ha­­ver um único candidato da base governista?

O que faz eu me diferenciar dos demais candidatos é a minha in­­dependência. Eu não entrei na política apadrinhado por ninguém. Entrei por entender que eu posso ser o instrumento que de alguma maneira pode melhorar a vida das pessoas. O meu par­­tido e eu temos a independência de poder apresentar uma opção para a população. O grande problema do Brasil, da nossa política, é que somos um país escasso de líderes. Se você perguntar ho­­je um candidato à Presidência além do [José] Serra e da Dilma [Rousseff] para ter uma eleição ama­­nhã, nós não temos. Por quê? Porque os partidos entenderam que era melhor fazer acor­­dos ao invés de colocar as­­suntos em pauta e apresentar seus quadros para debater a sua cidade, estado ou país. Como eu não penso dessa maneira, acho muito difícil a gente chegar a um consenso. Acho que nós temos de ter muitas candidaturas. Eu incentivo a candidatura do PT, mesmo sendo da base. Mas eu acho que um partido que tem a Presidência da República não pode deixar de ter candidato nu­­ma cidade como Curitiba. Acho que o PSDB deveria também ter candidato a prefeito.

Mas o senhor tem buscado alian­­ças?

Tenho procurado os partidos. Tenho procurado o PT, até porque faço parte da base [de apoio da presidente Dilma]. Tenho con­­versado também com o PV, com o PCdoB, com o PTdoB. Tem que buscar outros partidos para você ter uma aliança forte, ter tempo de televisão.

O senhor está procurando alian­­ças, mas não está disposto a abrir mão da sua candidatura.

Estou buscando aliança com aque­­las que ainda não têm candidatura própria definida. O PT ainda não definiu sua candidatura, o PV também não. Com o PDT não tem porque eu conversar porque o partido tem o Gus­­tavo [Fruet], que tem se colocado como candidato. A vantagem des­­sa minha independência é que consigo transitar por todos os grupos políticos. Tenho um ótimo relacionamento com o go­­vernador Beto Richa e tenho um bom trânsito também no governo federal.

Do que o senhor mais gosta em Curitiba?

Eu gosto da cidade em si. Uma cidade bem projetada, que tem um diferencial, é aconchegante, bem arborizada.

Do que menos gosta?

Talvez um pouco do frio. Eu gosto [do tempo] mais quente um pouco.

Qual o local de que o senhor mais gosta em Curitiba?

Santa Felicidade. É o bairro em que moro desde pequeno.

O que define o curitibano?

A personalidade crítica.

E o curitibano é fechado ou tímido?

Ele é fechado até por umas questões climáticas. Por ser uma re­­gião muito fria, o pessoal acaba não tendo um convívio de lazer como em outras cidades. Mas is­­so muda conforme vem o ve­­rão. As pessoas ficam mais agitadas, confraternizam mais.

Do que o senhor sente falta quan­­do está fora de Curitiba?

Da própria cidade e também dos meus amigos.

Existe algo de outra cidade que o senhor gostaria de adaptar a Curitiba?

Fui a Madri em 2004 para um cur­­so. Fiquei 70 dias e achei a ci­­dade muito parecida com Curi­­tiba, no estilo. E lá tem muito cha­­fariz. A água dá uma vida pa­­ra a cidade muito grande e é algo que poderia implantar aqui.

Em que época do ano a cidade é mais bonita?

Gosto do verão. As pessoas estão mais alegres, você sai mais de casa.

O senhor tem alguma lembrança da infância?

Lembro de quando eu estudei na escola Vinhedos [escola municipal em Santa Felicidade]. Fiz a pré-escola lá.

E alguma lembrança de uma Curi­­tiba que não exista mais?

O zoológico no Passeio Público, quando eu era criança.

Frequenta alguma feira?

Vou muito ao Mercado Munici­­pal. Feiras, não frequento muito.

Qual seu parque favorito?

O Barigui. Vou no mínimo duas vezes por semana lá para correr.

E praça?

Gosto muito da Praça da Espa­­nha, acho charmosa.

Existe algum personagem da história de Curitiba que o se­­nhor admira?

O Barão do Serro Azul. Foi o primeiro empreendedor curitibano.

E da atualidade?

Admiro muito o urbanista Jaime Lerner. O Lerner conseguiu o que poucos homens públicos conseguiram no Brasil, que é fazer um projeto que deixou a marca dele. Passaram 15, 20 anos e Curitiba continua a ter a cara do Lerner.

Se fosse possível fazer uma única mudança na cidade, o que mudaria?

Não é bem uma mudança, mas Curitiba precisa resgatar a genialidade do Ippuc [Instituto de Pes­­quisa e Planejamento Urbano de Curitiba], que é o grande cérebro da cidade em termos de planejamento.

O senhor planeja alguma inovação para Curitiba?

O grande desafio para o próximo gestor de Curitiba é planejá-la para os próximos 20 anos. Por­­que nós, brasileiros, temos o costume de planejar o mandato. Diferente dos asiáticos, que têm um modelo de gestão que é para uma década. Você veja, a maior inovação da cidade de Curitiba é um ônibus de 40 lugares a mais. É isso não é nenhuma inovação. Pelo contrário, é uma solução pa­­liativa. O sistema de transporte que nós temos hoje é da década de 1980.

Dentro desse planejamento pa­­ra a mobilidade, o senhor já pen­­sa em algo?

O metrô é para alguns eixos es­­tru­­turantes. Acho que Curitiba tem que começar a se voltar para VLT [Veículo Leve sobre Trilhos], alguma coisa voltada para trilhos, talvez bonde elétrico, como já é usado em algumas cidades da Europa. Com energia limpa, não poluente. E obviamente ampliar áreas de ciclovias e fazer com que isso seja uma alternativa de transporte.

Qual a sua opinião sobre o atual projeto do metrô?

Sou favorável, até porque fui o responsável por começar a le­­vantar essa bandeira. Isso começou em 2007, quando eu fiz a emenda [para obter recursos federais para a obra]. E o mais gostoso é ver que a tese foi comprada pela população e pelas pessoas que comandam a cidade, pelo poder público. Uma cidade como Curitiba não tem como fugir do metrô.

O que pode ser feito para melhorar o trânsito de Curitiba?

Você só vai conseguir melhorar o trânsito se der uma opção de qualidade de transporte público. Uma coisa é relacionada com a outra. Quando você dá uma al­­ter­­nativa de mecanismos mais ágeis, a pessoa acaba optando por deixar o carro em casa. Para isso, Curitiba tem de adotar me­­canismos de semáforos inteligentes. Hoje, com a tecnologia que existe, você consegue com que o semáforo consiga fazer uma leitura automática para dar vazão para o trânsito. Outra coisa que existe em Londres e pode ser discutida aqui na cidade são os ônibus com GPS. Então, conforme vai aumentando a demora do ônibus, dá para ir colocando mais ônibus na linha.

Qual a opinião do senhor sobre o pedágio urbano em Curitiba?

Curitiba não está preparada para isso. Não a cidade de Curitiba, mas as pessoas. Talvez fosse uma medida eficiente, mas politicamente seria um desastre. Muito difícil ter um gestor que tenha coragem de implantar o pedágio.

Qual meta social o senhor gostaria de atender?

Levar uma urbanização de qualidade para todos os bairros.

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Leia amanhã a entrevista com Renata Bueno.

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