Quem é
Ratinho Júnior (PSC)
- Nasceu em Jandaia do Sul, em 1981.
- Foi deputado estadual entre 2003 e 2006, atualmente exerce o segundo mandato como deputado federal.
Deputado federal mais votado no Paraná na última eleição, Ratinho Júnior (PSC) garante que estará na disputa para a prefeitura de Curitiba neste ano. Apesar de fazer parte da base de apoio ao governo federal, ele descarta qualquer possibilidade de aliança que o faça desistir de ser candidato. O jovem parlamentar de 30 anos coloca a sua candidatura como "independente". "A vantagem dessa minha independência é que eu consigo transitar por todos os grupos políticos. Eu tenho um ótimo relacionamento com o governador Beto Richa e tenho um bom trânsito também no governo federal", diz.
Embora afirme ter bom relacionamento com Richa, ex-prefeito de Curitiba, Ratinho Júnior não poupa críticas aos últimos administradores da capital. Para ele, os prefeitos falharam por não planejar a cidade para as próximas décadas. "A maior inovação da cidade de Curitiba é um ônibus de 40 lugares a mais. E isso não é nenhuma inovação. Pelo contrário, é uma solução paliativa. [Isso acontece] Porque não se planejou o transporte nos últimos 20 anos. O sistema que nós temos hoje é da década de 1980."
Como o senhor vê a ideia de haver um único candidato da base governista?
O que faz eu me diferenciar dos demais candidatos é a minha independência. Eu não entrei na política apadrinhado por ninguém. Entrei por entender que eu posso ser o instrumento que de alguma maneira pode melhorar a vida das pessoas. O meu partido e eu temos a independência de poder apresentar uma opção para a população. O grande problema do Brasil, da nossa política, é que somos um país escasso de líderes. Se você perguntar hoje um candidato à Presidência além do [José] Serra e da Dilma [Rousseff] para ter uma eleição amanhã, nós não temos. Por quê? Porque os partidos entenderam que era melhor fazer acordos ao invés de colocar assuntos em pauta e apresentar seus quadros para debater a sua cidade, estado ou país. Como eu não penso dessa maneira, acho muito difícil a gente chegar a um consenso. Acho que nós temos de ter muitas candidaturas. Eu incentivo a candidatura do PT, mesmo sendo da base. Mas eu acho que um partido que tem a Presidência da República não pode deixar de ter candidato numa cidade como Curitiba. Acho que o PSDB deveria também ter candidato a prefeito.
Mas o senhor tem buscado alianças?
Tenho procurado os partidos. Tenho procurado o PT, até porque faço parte da base [de apoio da presidente Dilma]. Tenho conversado também com o PV, com o PCdoB, com o PTdoB. Tem que buscar outros partidos para você ter uma aliança forte, ter tempo de televisão.
O senhor está procurando alianças, mas não está disposto a abrir mão da sua candidatura.
Estou buscando aliança com aquelas que ainda não têm candidatura própria definida. O PT ainda não definiu sua candidatura, o PV também não. Com o PDT não tem porque eu conversar porque o partido tem o Gustavo [Fruet], que tem se colocado como candidato. A vantagem dessa minha independência é que consigo transitar por todos os grupos políticos. Tenho um ótimo relacionamento com o governador Beto Richa e tenho um bom trânsito também no governo federal.
Do que o senhor mais gosta em Curitiba?
Eu gosto da cidade em si. Uma cidade bem projetada, que tem um diferencial, é aconchegante, bem arborizada.
Do que menos gosta?
Talvez um pouco do frio. Eu gosto [do tempo] mais quente um pouco.
Qual o local de que o senhor mais gosta em Curitiba?
Santa Felicidade. É o bairro em que moro desde pequeno.
O que define o curitibano?
A personalidade crítica.
E o curitibano é fechado ou tímido?
Ele é fechado até por umas questões climáticas. Por ser uma região muito fria, o pessoal acaba não tendo um convívio de lazer como em outras cidades. Mas isso muda conforme vem o verão. As pessoas ficam mais agitadas, confraternizam mais.
Do que o senhor sente falta quando está fora de Curitiba?
Da própria cidade e também dos meus amigos.
Existe algo de outra cidade que o senhor gostaria de adaptar a Curitiba?
Fui a Madri em 2004 para um curso. Fiquei 70 dias e achei a cidade muito parecida com Curitiba, no estilo. E lá tem muito chafariz. A água dá uma vida para a cidade muito grande e é algo que poderia implantar aqui.
Em que época do ano a cidade é mais bonita?
Gosto do verão. As pessoas estão mais alegres, você sai mais de casa.
O senhor tem alguma lembrança da infância?
Lembro de quando eu estudei na escola Vinhedos [escola municipal em Santa Felicidade]. Fiz a pré-escola lá.
E alguma lembrança de uma Curitiba que não exista mais?
O zoológico no Passeio Público, quando eu era criança.
Frequenta alguma feira?
Vou muito ao Mercado Municipal. Feiras, não frequento muito.
Qual seu parque favorito?
O Barigui. Vou no mínimo duas vezes por semana lá para correr.
E praça?
Gosto muito da Praça da Espanha, acho charmosa.
Existe algum personagem da história de Curitiba que o senhor admira?
O Barão do Serro Azul. Foi o primeiro empreendedor curitibano.
E da atualidade?
Admiro muito o urbanista Jaime Lerner. O Lerner conseguiu o que poucos homens públicos conseguiram no Brasil, que é fazer um projeto que deixou a marca dele. Passaram 15, 20 anos e Curitiba continua a ter a cara do Lerner.
Se fosse possível fazer uma única mudança na cidade, o que mudaria?
Não é bem uma mudança, mas Curitiba precisa resgatar a genialidade do Ippuc [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba], que é o grande cérebro da cidade em termos de planejamento.
O senhor planeja alguma inovação para Curitiba?
O grande desafio para o próximo gestor de Curitiba é planejá-la para os próximos 20 anos. Porque nós, brasileiros, temos o costume de planejar o mandato. Diferente dos asiáticos, que têm um modelo de gestão que é para uma década. Você veja, a maior inovação da cidade de Curitiba é um ônibus de 40 lugares a mais. É isso não é nenhuma inovação. Pelo contrário, é uma solução paliativa. O sistema de transporte que nós temos hoje é da década de 1980.
Dentro desse planejamento para a mobilidade, o senhor já pensa em algo?
O metrô é para alguns eixos estruturantes. Acho que Curitiba tem que começar a se voltar para VLT [Veículo Leve sobre Trilhos], alguma coisa voltada para trilhos, talvez bonde elétrico, como já é usado em algumas cidades da Europa. Com energia limpa, não poluente. E obviamente ampliar áreas de ciclovias e fazer com que isso seja uma alternativa de transporte.
Qual a sua opinião sobre o atual projeto do metrô?
Sou favorável, até porque fui o responsável por começar a levantar essa bandeira. Isso começou em 2007, quando eu fiz a emenda [para obter recursos federais para a obra]. E o mais gostoso é ver que a tese foi comprada pela população e pelas pessoas que comandam a cidade, pelo poder público. Uma cidade como Curitiba não tem como fugir do metrô.
O que pode ser feito para melhorar o trânsito de Curitiba?
Você só vai conseguir melhorar o trânsito se der uma opção de qualidade de transporte público. Uma coisa é relacionada com a outra. Quando você dá uma alternativa de mecanismos mais ágeis, a pessoa acaba optando por deixar o carro em casa. Para isso, Curitiba tem de adotar mecanismos de semáforos inteligentes. Hoje, com a tecnologia que existe, você consegue com que o semáforo consiga fazer uma leitura automática para dar vazão para o trânsito. Outra coisa que existe em Londres e pode ser discutida aqui na cidade são os ônibus com GPS. Então, conforme vai aumentando a demora do ônibus, dá para ir colocando mais ônibus na linha.
Qual a opinião do senhor sobre o pedágio urbano em Curitiba?
Curitiba não está preparada para isso. Não a cidade de Curitiba, mas as pessoas. Talvez fosse uma medida eficiente, mas politicamente seria um desastre. Muito difícil ter um gestor que tenha coragem de implantar o pedágio.
Qual meta social o senhor gostaria de atender?
Levar uma urbanização de qualidade para todos os bairros.
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Leia amanhã a entrevista com Renata Bueno.
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