Curitiba teve uma das maiores manifestações a favor da Operação Lava Jato entre as mais de 10 cidades com protestos neste domingo (26). De acordo com a Polícia Militar, 4 mil pessoas percorreram as ruas do Centro da capital paranaense. Outras capitais com presença significativa foram São Paulo - sem número oficial da Polícia Militar, mas que segundo os organizadores levou quase 10 mil pessoas à Avenida Paulista -, Recife, com a participação de 3,5 mil pessoas e Rio de Janeiro, com 2 mil pessoas.
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Mesmo assim, a quantidade de pessoas nos protestos frustrou as expectativas dos movimentos Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL), que esperavam um número bem maior. Em Curitiba, por exemplo, o número foi menor que o registrado na última manifestação de apoio à Justiça Federal, quando 8 mil pessoas estiveram no local. De acordo com Gislaine Macoler, uma das organizadoras do ato e membro do Vem pra Rua, a menor mobilização das pessoas é resultado da falta de cobertura da grande mídia, que deu pouca atenção ao evento durante a semana.
A concentração em Curitiba começou de maneira tímida na Praça Santos Andrade, às 14h30, mas logo começou a ganhar mais participantes. Três carros de som guiaram os manifestantes pelas ruas do Centro, passando pela Avenida Marechal Deodoro até chegar à Rua XV de Novembro, na altura da “Boca Maldita”, perto Bondinho.
Além do apoio à Lava Jato, os participantes tinham diversas reivindicações paralelas. Faixas e cartazes pediam o fim do foro privilegiado, criticavam a tentativa de incluir o voto em lista fechada nas eleições, se opunham à reforma previdenciária de Michel Temer e à revogação do estatuto do desarmamento. Também era possível encontrar alguns poucos pedindo a separação do Sul do Brasil e até o retorno da monarquia.
Ainda assim, os organizadores fizeram questão de frisar que o foco dos protestos era mesmo o apoio ao juiz Sérgio Moro e o combate à corrupção. Por mais que algumas poucas pessoas mostrassem cartazes contra o presidente Temer e suas polêmicas propostas, Gislaine explica que o objetivo do ato deste domingo não era discutir essas questões. “Agora não é o momento de falarmos sobre a reforma da previdência e a terceirização do trabalho. As pautas que trazemos aqui já estavam definidas antes”, explica a membro do Vem pra Rua. “Podemos falar sobre isso em um segundo momento. Vamos ficar de olho”.
Pautas variadas
Apesar do apoio à Lava Jato e o combate à corrupção serem consenso nas manifestações deste domingo, alguns grupos foram às ruas com pautas bem diferentes. É o caso dos monarquistas, que se juntaram aos protestos defendendo o retorno da Família Real ao poder. Segundo Cristiano Gondin, um dos apoiadores da ideia, a República já é fruto de um golpe e somente a figura de um rei poderia trazer estabilidade ao país. “A monarquia traz moralidade. O rei é um poder moderador que fiscaliza os outros poderes”, afirma.
Outro grupo já tradicional em atos como o deste domingo são os separatistas do Sul é Meu País. Para Jaime Luís, membro do movimento, a ideia de uma nação formada por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul é defender a cultura local e concentrar a administração em um território menor. “Um país menor é mais fácil de cuidar. É como uma casa: fica mais fácil administrar”, conta. Segundo ele, a proposta é destinar 80% da arrecadação aos municípios, “que é onde as pessoas estão”. Para ele, essa emancipação faria com que o país sulista já nascesse como uma potência. “Teríamos condições, principalmente pela força do agronegócio”.
Alfinetadas ao STF, Gleisi, Requião e sindicatos
No caminho, os participantes gritavam palavras de ordem e os tiros não atingiram apenas os alvos mais comuns envolvidos na Operação Lava Jato. Além dos já famosos “pixulecos” (bonecos infláveis de Lula vestido de presidiário), os discursos pediam celeridade ao Supremo Tribunal Federal (STF) na apreciação dos processos ligados a políticos e o fim dos sindicatos.
Entre os slogans repetidos na passeata, não faltaram críticas aos políticos paranaenses, principalmente aos senadores Gleisi Hoffmann e Roberto Requião. “Requião, aposenta meu irmão”, diziam alguns. Do carro de som, um manifestante declarou: “Receber mala de dinheiro em shopping, Gleisi, quem diria”. Os deputados federais do Paraná também foram alvo de críticas, principalmente aqueles que se opuseram às chamas 10 Medidas Contra a Corrupção. O deputado Takayama (PSC) foi um dos principais alvos. Um grupo organizava um abaixo-assinado para tirá-lo da presidência do partido no estado, acusando-o de ir contra a proposta.
Outras frases já conhecidas de outros protestos ganharam novas versões: “Lula ladrão, teu lugar é na prisão”, “Lula jaguara, vai para Piraquara”. E o juiz Sergio Moro continuou sendo o principal elogiado: “Viva Sergio Moro” foi repetido dezenas de vezes. Mas não foi sozinho, já que o procurador Deltan Dallagnol foi ovacionado pelos manifestantes diversas vezes. No final, um repentista entoou uma música de apoio à Lava Jato.
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