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Vladimir Daleffe: Copel é obrigada a comprar energia cara das termelétricas | Sandro Nascimento/Alep
Vladimir Daleffe: Copel é obrigada a comprar energia cara das termelétricas| Foto: Sandro Nascimento/Alep

Diretores da Copel estiveram ontem na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para prestar esclarecimentos aos deputados sobre o reajuste da tarifa de energia elétrica no estado, que pode chegar a 24,86%. Eles atribuíram o elevado aumento na conta da luz ao alto custo de produção da energia elétrica em todo o país, isentando a estatal do governo paranaense. As empresas de eletricidade, como a Copel, têm de comprar energia no mercado nacional – mesmo que produzam energia.

A audiência foi solicitada pelos deputados da oposição diante da polêmica envolvendo o assunto. No mês passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou aumento médio de 35% na tarifa, solicitado pela Copel. Depois disso, a estatal voltou atrás e pediu um novo reajuste de 24,86%, que ainda aguarda análise da Aneel.

O diretor de Distribuição da Copel, Vladimir Daleffe, disse que o índice é decorrente dos altos custos da eletricidade no sistema nacional, que subiu em função da necessidade do acionamento de usinas térmicas. Daleffe afirmou também que a responsabilidade sobre a fixação da tarifa é compartilhada com a Aneel. "A Copel não definiu um índice aleatoriamente, até porque, como um monopólio natural, não poderia definir sua própria tarifa", disse.

Questionado sobre um possível aumento de lucros da estatal com o reajuste, o diretor explicou que a Copel é dividida em cinco empresas e que o ramo de distribuição não tem apresentado resultados positivos. Segundo ele, o reajuste só pode ser reduzido com o aporte de outros ramos da estatal no segmento de distribuição de energia. Daleffe descartou, porém, a possibilidade de haver cortes de investimento no setor de distribuição. "Os investimentos vão sofrer mais impacto em outros segmentos em que a Copel poderia fazer nesses 12 meses."

Reação

Os deputados da oposição não ficaram satisfeitos com as explicações sobre o reajuste da tarifa e outros temas levantados, como a lucratividade da estatal e o impacto da diminuição do porcentual de reajuste na tarifa no próximo ano. "A Copel está abrindo mão de 11% de reajuste a que teria direito e, com esse diferimento, o custo da energia pode chegar perto dos 40% no ano que vem", afirmou o deputado Tadeu Veneri (PT).

Um dos motivos para o alto porcentual de aumento da tarifa neste ano, segundo o petista, é a não adesão do estado do Paraná – e também de Minas Gerais e São Paulo – à medida provisória da presidente Dilma Rousseff (PT), de setembro de 2012, que trata da renovação das concessões de energia elétrica e estabelece a redução do valor das tarifas. "A direção da Copel, incluindo o governador [Beto Richa], fez uma opção política de ter uma energia que gerasse mais lucro para os seus acionistas em detrimento de uma energia mais barata", disse.

O líder do governo na Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), defendeu que a decisão de não aderir à medida provisória foi técnica. "A Copel fez essa opção porque, senão, teria que entregar todo o seu patrimônio para a Aneel em 2014. E temos que defender aquilo que é nosso", disse. Para o tucano, a responsabilidade sobre o aumento da tarifa também é federal. "A responsabilidade é de toda a bagunça do setor energético brasileiro e da falta de infraestrutura de energia do país", afirmou Traiano.

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