Apesar de reconhecer avanços no gerenciamento da economia, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) critica, em documento a ser entregue hoje ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, a "autonomia excessiva" do Banco Central (BC). De acordo com a central sindical, a condução da política econômica "baseada em um centralismo e uma autonomia excessiva do Banco Central" funciona como freio ao crescimento econômico e à geração de emprego.
Para a CUT, o Comitê de Política Monetária (Copom) deveria levar em conta na definição da taxa de juros o equilíbrio de três metas: inflação, crescimento e emprego. "O modelo de BC autônomo em vigor no Brasil desde o final da década de 1990, pressupõe como guia exclusivo de ação a meta de inflação fixada pelo Conselho Monetário Nacional. O dilema é o de sempre: até onde a retomada do nível de atividade pode acelerar a inflação? Vale lembrar que os efeitos altos da economia são perversos", afirma o documento.
O texto faz parte do cenário econômico da reunião da direção nacional da CUT, que ocorre hoje e amanhã, em Brasília. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fará hoje uma palestra aos participantes do encontro.
A questão da autonomia do BC ganhou destaque no cenário político esta semana após o pré-candidato do PSDB José Serra ter dito, na segunda-feira em entrevista à Rádio CBN, que o presidente deve "fazer sentir sua posição" se a instituição cometer erros. No entanto, sem responder diretamente à questão sobre autonomia, o ex-governador paulista disse que "não haverá virada de mesa".
Já ontem, o tucano afirmou que o BC "tem de ter autonomia", mas deve estar "integrado com a política econômica do governo e com o Presidente da República". "O Banco Central tem de estar voltado para a estabilidade de preços e o desenvolvimento. Por isso, é preciso ter entrosamento."
Dilma e Marina
No mesmo dia da entrevista de Serra à rádio, sua adversária, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse que considera "importantíssima" a autonomia do BC. E ontem, em Rio Grande (RS), ela defendeu que a instituição mantenha sua atual autonomia operacional sem a necessidade de formalização da independência do órgão. "Não é necessário a gente introduzir nenhuma modificação e não acho prudente mexer em time que está ganhando."
A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, defendeu a manutenção da política macroeconômica e a independência não institucional do BC, que, segundo ela, mostraram-se acertadas em tempos de crise. "A experiência brasileira mostra que o caminho da autonomia não institucional é positiva", afirmou.
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