Rio de Janeiro (AE) No momento em que é convocado para as CPIs dos Correios e do Mensalão, o financista Daniel Dantas está decidido a abandonar o setor de telefonia, garantem seus colaboradores mais próximos. Para isto, além de tentar manter o acordo, suspenso na Justiça de Nova Iorque, de venda de sua parte na Brasil Telecom para a Telecom Italia, ele quer vender o mais rápido possível a Telemig Celular o que é considerado impossível por outros sócios, como os fundos de pensão de estatais, hoje seus grandes inimigos. A Brasil Telecom é uma das três grandes empresas de telefonia fixa no país, abrangendo as regiões Sul, Centro-Oeste e pequeno pedaço da Amazônia.
A gota dágua para que Dantas abandonasse o sonho de controlar a Brasil Telecom foram os pedidos de prisão contra ele, por parte do Ministério Público e da Polícia Federal, no ano passado e início deste, em função do caso de espionagem pela Brasil Telecom da Telecom Italia e de políticos e autoridades o que incluiu a interceptação de e-mails do atual secretário especial do Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE), Luiz Gushiken, seu maior adversário no governo Lula.
Mesmo batendo em retirada, Dantas defende seus interesses com unhas e dentes, e está de volta aos holofotes, tragado pelo labirinto de suspeitas do escândalo do mensalão. Como a Telemig Celular e a Amazônia Celular, cuja gestão ainda é controlada pelo Opportunity, repassaram R$ 145 milhões às contas da DNA e SMPB, agências de Marcos Valério, ao longo de pouco mais de quatro anos, surgiu a hipótese de que Dantas pudesse ser um abastecedor do "valerioduto" em troca de suposta defesa de seus interesses pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu.
Mas as empresas dizem que os valores são consistentes com suas necessidades publicitárias, a maior parte tendo como destino final anunciantes e só ficando R$ 15 milhões nas agências.
Segundo algumas fontes, Dantas tido como vinculado a políticos do PFL, especialmente da Bahia, seu estado natal teria tentado criar canal no governo junto a Dirceu. O caminho teria sido via Valério. No Opportunity, a versão é que Dirceu, em três encontros com Dantas, defendeu a posição do governo de que o investidor deveria sair da gestão do fundo de investimento nacional.
O misterioso encontro este ano de Valério com um ex-ministro português em Lisboa, ligado à Portugal Telecom, despertou suspeitas, já que um dos candidatos a comprar a Telemig Celular é a Vivo, da empresa portuguesa e da espanhola Telefónica. As negociações com a Vivo coincidem aproximadamente com a ida de V-a-lério e do ex-tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri, a Lisboa, em janeiro.
Dívidas, calote, queda nas vendas: como o vício em bets virou ameaça à economia do país
Moraes exige arrependimento e predição de “condutas futuras” para soltar Daniel Silveira
Grau de investimento, o novo sonho de Lula e Haddad
Brasil e China falham em obter consenso em reunião sobre plano de paz pró-Rússia
Deixe sua opinião