Quase oito meses após a instalação da CPI da Petrobras, que deveria ter investigado o maior escândalo de corrupção já descoberto no país, o relator da comissão, Luiz Sérgio (PT-RJ), apresentou nesta segunda-feira (19) um parecer final que não responsabiliza a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ou qualquer dos 62 políticos envolvidos na Operação Lava-Jato. Relembre o “circo” da CPI da Petrobras:
Louvação
Em 12 de março, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) surpreendeu ao se apresentar espontaneamente numa sessão da CPI da Petrobras após ser acusado por um delator. Cunha só ouviu perguntas de quatro parlamentares. No mais, foi contemplado com um rodízio de elogios: “O senhor tem uma luz que há de brilhar neste país. Irá provar a cada dia a sua inocência”, chegou a dizer o deputado Marcelo Aro (PHS-MG). Cunha sustentou não ter contas no exterior, declaração desmentida semana retrasada por autoridades da Suíça.
Roedores
Em 9 de março, a confusão começou antes do início do depoimento do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O servidor da segunda vice-presidência da Câmara Márcio Martins Oliveira, ligado ao deputado de oposição Paulinho da Força (SD-SP), causou alvoroço ao soltar dois hamsters e três esquilos da Mongólia. Márcio foi detido pelos seguranças e demitido do cargo de confiança que ocupava: “Circo!”, gritou um parlamentar durante o tumulto.
Amada Amante
Mais magra, de cabelo raspado e sem timidez para soltar a voz, a doleira Nelma Kodama deixou boquiabertos os integrantes da CPI em 12 de maio. Primeiro, ela negou que tenha tentado sair do país com 200 mil euros na calcinha. Levantou-se, virou-se de costas, suspendeu o casaco e enfiou as duas mãos nos bolsos traseiros da calça, onde, segundo ela, estava o dinheiro. Logo depois, enquanto falava de sua relação com Youssef, a doleira sorriu, levantou os dois braços e começou a cantar um trecho de “Amada Amante”, música de Roberto e Erasmo Carlos: “Amada, amante, aaaamada, amante..... Não é verdade?” cantou, com a ajuda de um backing vocal do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), que perguntara a Nelma se o doleiro era mesmo seu amante.
“Pau-mandado”
Em 16 de julho, o doleiro Alberto Youssef acusou o peemedebista Celso Pansera (RJ) de ser “pau-mandado” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. No dia 25 de agosto, na CPI, Youssef acusou o parlamentar de pressioná-lo: “Vossa Excelência sabe que as minhas filhas nunca foram investigadas(...) Vossa Excelência insiste em me intimidar”. Há 18 dias, Pansera virou ministro da Ciência e Tecnologia durante reforma ministerial de Dilma para tentar recuperar a governabilidade.
Hora de Calar
Foram quatro horas com respostas que variaram entre “nada a declarar” e “reservo-me o direito constitucional de permanecer calado”. O ex-diretor da Petrobras Renato Duque frustrou a CPI em 19 de março. Duque permaneceu impassível. Por duas vezes, enigmático, repetiu frase do livro de Eclesiastes: “Existe uma hora de falar e uma hora de calar. Esta é a hora de calar”.
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