De olho em 2014, Dilma faz reforma ministerial

A presidente Dilma Rous­­­seff oficializou ontem trocas em três ministérios: Moreira Franco (PMDB-RJ), da Secretaria de Assuntos Estratégicos, irá para a Aviação Civil, o deputado federal Antônio Andrade (PMDB-MG) substitui Mendes Ribeiro na Agricultura e Ma­­­noel Dias (PDT) entra no lugar de Brizola Neto na pasta do Trabalho.

A reforma de Dilma segue uma lógica eleitoral, na tentativa de assegurar palanques para ela própria e também para aliados do governo nos estados em 2014. A mudança no Ministério do Trabalho, por exemplo, é um sinal da reaproximação de Dilma ao grupo do ex-ministro e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que deixou a pasta em meio a denúncias de irregularidades.

Substituto de Lupi no Trabalho, Brizola Neto (PDT) não ficou nem um ano no cargo. Quando assumiu a pasta, em maio do ano passado, ele tinha a missão de unificar o PDT. Como não conseguiu apaziguar a guerra interna, Dilma decidiu restabelecer o controle de Lupi sobre a pasta na tentativa de ter a legenda ao seu lado em 2014. Assim, Brizola Neto sai do ministério para ceder espaço na Esplanada para o secretário-geral do PDT, Manoel Dias.

Dilma também promoveu uma "dança das cadeiras" nas pastas ocupadas pelo PMDB de olho em 2014. A troca de Mendes Ribeiro pelo deputado e presidente do PMDB de Minas, Antônio Andrade, é uma maneira de acalmar os peemedebistas mineiros, que vinham ensaiando se aproximar do senador Aécio Neves (MG), pré-candidato tucano à Presidência. Com a troca na Agricultura, Dilma não apenas anula o concorrente como fortalece uma possível candidatura ao governo de Minas do ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento).

Mendes Ribeiro, em tratamento contra um câncer, volta para a Câmara dos Deputados. Inicialmente, havia a possibilidade dele aceitar a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) no lugar do ministro peemedebista Moreira Franco, que foi nomeado para a Secretaria de Aviação Civil. Com a negativa de Mendes Ribeiro, a SAE fica, por ora, sendo comandada pelo secretário executivo da pasta, Roger Leal.

Inicialmente, a presidente tinha pensado em abrigar o PSD na Secretaria de Aviação Civil. No entanto, com a indicação do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, de que o partido só entrará oficialmente na base de apoio após a eleição de 2014, Dilma acabou cedendo à pressão do PMDB. Com a mudança na pasta, Wagner Bittencourt, considerado um nome técnico, deve deixar o primeiro escalão do governo.

A posse dos novos ministros será hoje pela manhã. Na nota divulgada ontem, Dilma agradeceu "a dedicação, o empenho e os inestimáveis serviços prestados pelos ministros" e desejou "bom trabalho" nas "importantes missões" dos novatos.

Em aberto

A reforma anunciada ontem por Dilma ainda deixa em aberto o espaço do PSD e do PR na Esplanada. A situação do PSD deve ser definida no próximo mês, com a nomeção do vice-governador de São Paulo, Afif Domingos, para o recém-criado Ministério das Micro e Pequenas-empresas.

Já o destino do PR parece que demorará a ser definido. Diversos nomes do partido apareceram nas bolsas de apostas. O deputado Lincoln Portela (PR-MG) teria o apoio do senador e presidente da legenda, Alfredo Nascimento (AM). Já a bancada da Câmara apoia o nome de Luciano Castro (RR). A presidente tem reuniões na semana que vem com o partido.