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Força Sindical vai fundar o Solidariedade
Quem também tenta fundar um partido para as eleições de 2014 é o sindicalista Paulinho da Força (PDT), atual secretário do Trabalho do governo de São Paulo.
Desempenho
Últimas três legendas que foram criadas vivem situações bem distintas
Um ano depois da fundação, as histórias dos novatos PSD e PPL são quase opostas. Os dois partidos passaram, em 2012, por sua primeira eleição. Entretanto, enquanto o PSD se firmou como uma força política considerável, o PPL não conseguiu deixar sua condição de "nanico". O PEN, que também foi criado recentemente, não disputou as eleições, pois seu registro oficial saiu menos de um ano antes do primeiro turno de 2012.
Já no seu primeiro pleito, o PSD conseguiu eleger prefeitos em 497 municípios, ficando atrás apenas dos "pesos-pesados" PMDB, PSDB e PT. Quatro desses municípios têm mais de 200 mil habitantes, incluindo Florianópolis e Londrina. Além do número alto de prefeitos, o partido também tem 42 deputados federais e dois senadores. Tido inicialmente como "independente", o PSD está cada vez mais próximo do Palácio do Planalto.
Por outro lado, o PPL elegeu somente 12 prefeitos, sendo Nova Gama (GO), de 95 mil habitantes, o mais populoso desses municípios. O partido não tem representante na Câmara Federal e possui um único senador, João Costa, que é suplente. O partido é da base de apoio do governo Dilma.
Criado em 2012, o PEN está mais próximo do PPL do que do PSD. O partido não disputou as eleições em 2012 e, portanto, não elegeu nenhum prefeito. O único deputado federal a aderir a legenda, Fernando Francischini (PR), ameaça voltar para o PSDB, seu partido de origem.
Sucesso e fracasso
O cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getulio Vargas, diz que o sucesso e o fracasso de cada partido depende das condições eleitorais que eles oferecem. "As legendas que oferecem uma maior possibilidade de sobrevivência eleitoral dos políticos tendem a ser mais bem-sucedidas", avalia.
Terceira colocada nas eleições de 2010, a ex-senadora Marina Silva articula a criação de um novo partido. Ela encabeça o Movimento por uma Nova Política, que deve servir como base para sua legenda. O movimento pode atrair para seu lado descontentes de vários partidos, incluindo Heloísa Helena (PSol), Alessandro Molon (PT) e Walter Feldman (PSDB). Ontem, Marina reuniu militantes do movimento para discutir a criação oficial da legenda.
O novo partido de Marina, segundo ela própria, deve ter duas bandeiras principais: a primeira é a moralização da política brasileira. Entre as propostas do partido está a recusa de qualquer doação feita por pessoas jurídicas, para evitar a prática do favorecimento de empresas pelo poder público e para estimular a participação popular nas eleições. Outra é a defesa do meio ambiente, causa pela qual a ex-senadora militou ao longo de sua trajetória política.
Desde 2011, quando saiu do PV, Marina está sem partido. A seu favor, tem seu alto capital político, após bom desempenho nas últimas eleições (fez 20 milhões de votos para presidente, em 2010) e bom "recall" em pesquisas recentes. Conta ainda com o possível apoio de lideranças importantes que perderam espaço dentro de seus partidos de origem.
Perspectivas
Mas as restrições a práticas da política tradicional e a oposição ao governo federal podem dificultar a adesão de políticos estabelecidos. Para o cientista político da UFPR Adriano Codato, isso pode significar um partido com pouca representatividade parlamentar, pelo menos em seu estágio inicial. "Ao contrário do PSD, esse partido terá pouco a oferecer em termos de cargo e benesses políticas", afirma.
Entretanto, isso pode ser compensado com uma boa representatividade social. "Se conseguir encarnar um discurso de moralização da política sem ser excessivamente conservador, pode vir a ser um partido com bastante apelo para as novas camadas médias", diz Codato. Ele pontua, entretanto, que o partido pode ser exageradamente heterodoxo do ponto de vista ideológico, já que as bandeiras são vagas e apelam para pessoas com as mais diferentes visões de política.
Em princípio, Marina teria condições de ser uma candidata com muitos votos para a Presidência da República, com seu alto capital eleitoral. Porém, o partido pode ter dificuldades nos níveis estadual e municipal, devido às restrições de arrecadação impostas, que tornam os candidatos da legenda menos competitivos.
Já o cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que o novo partido de Marina tende a ser uma sigla de oposição à esquerda do PT, com foco na causa ambiental e na ética na política. Ele diz que o partido pode atrair um número razoável de figuras consolidadas na política nacional, principalmente membros do PT que estão insatisfeitos com os rumos da sigla pós-mensalão, como os gaúchos Tarso Genro e Olívio Dutra.
Bom ou ruim?Profusão de siglas causa afastamento ideológico e controle de poder
Os novos partidos que estão sendo criados devem contribuir para o aumento da "sopa de letrinhas" da política brasileira. O alto número de legendas com representatividade parlamentar se tornou uma característica da nova República, após anos de bipartidarismo. Por um lado, isso causa um distanciamento das legendas de programas ideológicos ou projetos políticos de longo prazo. Entretanto, pode servir como um freio para os partidos no poder.
Para o cientista político Carlos Pereira, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o alto número de partidos políticos ajuda a controlar o alto poder conferido ao presidente no sistema político brasileiro. Para fins de governabilidade, o presidente tem de se aliar a outras siglas e, com isso, o poder de sua legenda acaba tendo de ser, forçosamente, compartilhado com outras agremiações com pontos de vista diferentes sobre a política.
Já o cientista da UFPR Adriano Codato avalia que, entre os estudiosos do assunto, não há um consenso se o alto número de legendas é positivo ou negativo para o país. Ele afirma, entretanto, que existem apenas seis partidos políticos efetivos, sendo que as outras legendas se dividem entre agentes ideológicos com representatividade parlamentar insignificante ou nula (o caso de PSol, PSTU, PCO e PCB) e agrupamentos de políticos sem uma representação social ou projeto de poder efetivo, que funcionam como "agências de empregos públicos" (o caso dos chamados partidos "nanicos").
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