O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), intensificou a agenda política em Brasília e em São Paulo nos últimos dias. Ele está na capital federal desde a tarde de terça-feira (9) para compromissos que incluem a discussão de propostas sobre a redução da maioridade penal com o governo, o pacto federativo na Câmara e uma palestra sobre segurança no Seminário Internacional de Direito Administrativo e Administração Pública da OAB e Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).
PSB e PPS esboçam “pacto eleitoral”
Diante da falta de acordo para uma fusão, integrantes da cúpula do PSB irão propor ao presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), um “pacto eleitoral” para a disputa municipal de 2016. A ideia será apresentada em encontro previsto para ocorrer nesta quarta-feira (10), em Brasília entre as duas partes.
“Vamos propor duas resoluções em que se prevê uma aliança conjunta em todo o País com PPS na disputa municipal do próximo ano. É uma caminho alternativo. Já que na discussão jurídica não se conseguiu avançar, vamos fazer uma fusão política”, disse ao jornal O Estado de S.Paulo, o vice-presidente do PSB, Beto Albuquerque. Inicialmente, estava previsto a realização de um congresso no próximo dia 20 para oficializar a união das duas legenda.
“Acredito que essa solução é a mais coerente. Poderemos amadurecer essa relação com a aliança eleitoral de 2016, onde quem tiver um candidato mais forte será apoiado”, emendou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Segundo ele, pesou na decisão de não se realizar a fusão com o PPS o posicionamento do grupo de Pernambuco, Estado natal do ex-presidente da legenda Eduardo Campos, morto em acidente aéreo durante a disputa presidencial de 2014.
Alckmin também vai se dedicar a fazer exposições sobre o quadro político atual e suas propostas para melhorar o Brasil. Depois da agenda oficial desta terça-feira, ele entrou pela madrugada reunido com cerca de 40 deputados do PPS, PSDB e PSB na casa do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI). Nas conversas relatadas pelos presentes, Alckmin deu indiretas sobre sua possível candidatura em 2018 e não deixou dúvidas de que está colocando seu time em campo.
“Eu morei em Brasília oito anos. Os paulistas não costumam morar em Brasília, mas eu fiz questão de trazer minha mulher e meus filhos. O jantar ontem na casa do Heráclito foi muito bom, estava matando as saudades. Foi uma conversa informal, é bom para sentir o clima”, disse Alckmin.
A avaliação de seus aliados próximos é que o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), tem um recall mais forte e mais próximo da eleição de 2014. Mas Alckmin teria mais poder por conta do ótimo resultado obtido em São Paulo na última eleição. Como tem dez anos a mais que Aécio, dizem que, na fila, “o Geraldo está na frente”. Além da agenda nacional, Alckmin também vem intensificando uma agenda internacional. Já foi a Washington e Nova York vender sua administração, e agora vai a Portugal.
No Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, ele também tem se reunido com bancadas dos partidos. Já recebeu o PPS e o PSB, além de lideranças políticas de outros partidos. “Nesses encontros, o Geraldo faz uma exposição do que precisa mudar no Brasil. Fica tudo subentendido. Mas é um subentendido tão claro que não deixa dúvidas. Dificilmente você o vê dormindo em Brasília. Ontem foi até uma da madrugada, com 40 deputados, na casa do Heráclito”, conta um dos seus aliados mais próximos.
No encontro com a bancada do PPS, no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin fez questão de fazer um contraponto com Aécio, em relação à defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mesmo não patrocinando um pedido de impedimento, Aécio pediu uma consulta do jurista Miguel Reale Júnior para ver a possibilidade de impeachment, mais para dar uma resposta ao movimento das ruas. Mas ele acabou ficando numa posição mais cautelosa e o assunto não foi a frente.
Na conversa, e em declarações públicas, Alckmin deixou clara sua posição contra o impeachment, o que, se aprovado, colocaria o vice-presidente Michel Temer no cargo. “Como assim? Com impeachment Temer assume e aí tem reeleição. Fecha a porta para o PSDB em 2018”, argumentou Alckmin na conversa com a bancada do PPS.
Segundo interlocutores, Alckmin vai se colocar numa posição mais moderada do que Aécio, para não acirrar a divisão do país, como o PT tenta fazer, por exemplo, com os nordestinos. “Nesses encontros políticos o Geraldo tem o segundo posicionamento: se quiserem ruptura é com o Aécio. Se quiserem transição, é comigo. Não dá para continuar essa divisão do Brasil”, conta um dos presentes a um desses encontros.
Os deputados Bruno Covas (PSDB-SP) e Bruna Furlan (PSDB) argumentam que é um privilégio ter dois candidatos da qualidade de Aécio e Alckmin para disputar com o PT em 2018. E garantem que o partido estará unido depois que o candidato for escolhido. “O governador já vem aumentando essa agenda positiva aqui e lá fora. Agora vem crescendo e imprimindo um ritmo mais acelerado. Isso é importante. Feliz do partido que tem dois candidatos dessa qualidade. O problema é dos outros, que não tem nenhum”, diz Bruno Covas.
“É uma honra para o PSDB ter o governador Alckmin e o Aécio como líderes da oposição. E em 2018 vamos estar mais unidos que nunca”, completou Bruna Furlan, que também acompanhou a exposição de Alckmin na OAB e IDP.
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