Alvo de pedidos de impeachment na Câmara Legislativa, o governador interino do Distrito Federal, Paulo Octávio, corre o risco de responder a processo de expulsão no DEM. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) avaliam propor o desligamento de Paulo Octávio à executiva nacional.
O receio dos democratas é que a manutenção de Paulo Octávio nos quadros do partido sirva de munição para adversários nas eleições de outubro e prejudique os candidatos. O governador interino também é investigado por suspeita de participação no esquema de arrecadação e pagamento de propina a aliados no DF.
Caiado não descarta pedir uma intervenção no diretório do DEM no Distrito Federal. No Twitter, o deputado afirmou que não pode dar sustentação ao governo de Paulo Octávio e parabenizou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por ter determinado a prisão do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido) por tentativa de obstruir as investigações do esquema de corrupção.
"A Justiça está de parabéns por promover uma assepsia na política brasileira ao punir quem compra voto e usa o poder público para enriquecer (...). Não apoio Paulo Octávio para assumir o governo do DF. Não me cobrem solidariedade com corrupção", afirmou.
Pressionado pela executiva nacional, Paulo Octávio deixou o comando do DEM no DF na semana passada. Desde o início da crise, o DEM tinha optado por preservar Paulo Octávio, diferente do que ocorreu com Arruda, que ameaçado de expulsão deixou o partido. O governador interino era apontado como opção do DEM para disputar as eleições. Ao assumir o governo, Paulo Octávio se comprometeu a não se candidatar.
Cerco
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada ontem, a Polícia Federal fecha cada vez mais o cerco contra o governador interino. Ele nega ter sido beneficiado, mas é acusado de receber propina do esquema.
Entre os indícios de que o cerco está se fechando está o fato de dois aliados de Paulo Octávio terem suas casas devassadas pela PF: o ex-policial Marcelo Toledo e o ex-secretário de governo José Humberto Pires.
A PF teria apreendido na empresa da qual Pires é sócio parte das notas que tinham sido marcadas para investigar as ramificações do suposto esquema de propina no Distrito Federal.
As notas tinham sido marcadas por Durval Barbosa, delator do suposto esquema e que gravou o governador José Roberto Arruda e outros políticos recebendo dinheiro. O advogado de Paulo Octávio diz que o governador interino, que enfrenta pedidos de impeachment, não é "alvo da PF".
Pressão
Após 80 dias das denúncias do esquema de corrupção no governo do Distrito Federal), a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa vai colocar em votação amanhã os três pedidos de impeachment do governador afastado José Roberto Arruda (sem partido). Nos bastidores, deputados distritais governistas e oposicionistas, reconhecem que a votação dos pedidos de afastamento é uma forma de pressionar Arruda a renunciar ao cargo.
A mudança de postura dos aliados, que se esforçavam para blindar Arruda até a semana passada quando ele foi preso por decisão do STJ, é motivada pelo risco do Distrito Federal sofrer intervenção federal. Relator dos pedidos de impeachment na CCJ, primeira instância a analisar os processos, o deputado Batista das Cooperativas (PRP) anunciou que pretende votar a favor do afastamento.
O parecer precisa ser aprovado pela CCJ, que é composta por mais três governistas e um oposicionista. Arruda foi avisado na sexta-feira da debandada dos aliados na Câmara local.