Potencial candidato à reeleição, o governador Geraldo Alckmin tem investido em parcerias com o prefeito Fernando Haddad (PT) na cidade de São Paulo, onde trabalha para ampliar seu capital eleitoral. Adversários na cena politica, Alckmin, e Haddad viajaram juntos a Brasília para uma agenda comum no Supremo Tribunal Federal (STF). Haddad convidou Alckmin para audiência. Alckmin ofereceu-lhe carona.
Durante o voo, Haddad ouviu de Alckmin seus "causos" e piadas. Os dois se reuniram com o ministro Luiz Fux para defender a legalidade do pagamento de precatórios em parcela.
Não é a única parceria entre tucano e petista. Na sexta-feira, Alckmin irá à sede da Prefeitura para anunciar a transferência do Ceret (Centro de recreação do trabalhador) para a cidade nos próximos 99 anos. O centro funcionará como comitê olímpico.
Há 20 dias, os dois -que viajarão juntos para França em junho para o lançamento da Expo 2020- anunciaram a adesão da Prefeitura ao programa estadual de combate ao crack. Juntos, os dois já anunciaram convênios para construção de creches, unidades habitacionais e piscinões.
Segundo tucanos com trânsito no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin mantém bons níveis de aprovação no interior do Estado. Mas precisa avançar na cidade.Ao se aproximar de Haddad, o governador se blinda contra ataques petistas e tenta neutralizar a ideia de que a diferença partidária produz prejuízos ao Estado. O cálculo, segundo aliados dos dois, não é apenas de conveniência política.
Alckmin tem com Haddad melhor relacionamento do que com seu sucessor, Gilberto Kassab (PSD), hoje um de seus maiores desafetos.
Embora qualifiquem a relação de institucional, petistas se preocupam com os efeitos sobre uma candidatura do PT ao governo no ano que vem. Ano passado, o PT comemorou a eleição de Haddad como um passo para a conquista do Palácio dos Bandeirantes.
Mas uma pesquisa qualitativa abateu o ânimo petista. Segundo petistas, o eleitor paulista tem resistido à ideia de o mesmo partido concentrar o governo federal, o estadual e a prefeitura. Petistas admitem que ainda não encontraram um discurso capaz de apagar essa concepção do eleitorado e que o partido está em busca do que o marqueteiro João Santana costuma chamar de "embocadura" para sua nova candidatura.
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