Do sítio em Atibaia a palestras no exterior, são muitas as relações suspeitas entre o ex-presidente Lula e a empreiteira Odebrecht. Já investigados pela Polícia Federal ou pelo Ministério Público Federal, os casos estarão nas 78 delações dos executivos da empreiteira – que seguem sob sigilo, mas com constantes vazamentos para a imprensa.
Confira a seguir 10 situações suspeitas que devem ser esclarecidas pelas delações da Odebrechet:
Sítio em Atibaia
Uma das maiores expectativas está em torno do sítio em Atibaia, interior de São Paulo, que é alvo de inquérito da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Oficialmente o sítio está em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios do filho de Lula, Fabio Luiz Lula da Silva. A PF concluiu em uma perícia, porém, que quem utilizava a propriedade era a família do ex-presidente. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta-feira (23), o executivo Alexandrino Alencar teria dito em seus depoimentos que a Odebrecht pagou a reforma do sítio em 2010.
Construção do Instituto Lula
Alvo de um processo que tramita na Justiça Federal de Curitiba, a compra de um terreno em São Paulo para a construção de uma nova sede do Instituto Lula também é um assunto que vai vir à tona nos depoimentos. A Odebrecht estudou mais de duas dezenas de imóveis para construir uma nova sede do Instituto Lula, além de um projeto de reforma da atual.
Na ação, o Ministério Público Federal expõe que, como parte de acertos de propinas de contratos da Petrobras, o Grupo Odebrecht teria oferecido ao ex-presidente vantagem indevida, de cerca de R$ 12 milhões de reais, com a compra do imóvel da Rua Dr. Haberbeck Brandão. A nova sede do Instituto, porém, não foi construída no mesmo local.
Imóvel em São Bernardo
No mesmo processo que envolve a compra do terreno, o MPF acusa Lula de receber propina através da compra de um imóvel em São Bernardo, que teria sido pago pela Odebrecht. Segundo o MPF, a nova cobertura, que foi utilizada pelo ex-presidente, foi adquirida no nome de Glaucos da Costamarques, que atuou como testa de ferro do ex-presidente.
Segundo o MPF, na tentativa de dissimular a real propriedade do apartamento, Marisa Letícia Lula da Silva chegou a assinar contrato fictício de locação com Glaucos da Costamarques, datado de fevereiro de 2011. As investigações concluíram que nunca houve o pagamento do aluguel até pelo menos novembro de 2015.
Amigo
A Polícia Federal suspeita também que o codinome “Amigo” nas planilhas encontradas na Odebrecht é relacionado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a instituição, o codinome “Amigo” aparece como beneficiário de um pagamento no total de R$ 8 milhões debitados do saldo do que a PF chamou de “conta-corrente da propina”, na planilha italiano. Os delatores vão esclarecer se o codinome realmente se refere ao ex-presidente.
Itaquerão
A construção do estádio do Corinthians também teria surgido nos depoimentos dos delatores envolvendo a relação da empreiteira com Lula. O patriarca do grupo, Emílio Odebrecht, teria dito que a construção do Itaquerão foi um presente a Lula em retribuição à suposta ajuda do petista à empresa em seus oito anos como presidente. Com financiamento do BNDES, a arena foi inaugurada na Copa de 2014 e custou R$ 1,2 bilhão.
Coaching
A Odebrecht também teria dado a um dos filhos de Lula, Luis Claudio Lula da Silva, um coaching de carreira para auxiliar o empresário na condução da empresa Touchdown Promoções e Eventos Esportivos. O pedido teria sido feito à Odebrecht através de um interlocutor de Lula.
Mesada
Luis Claudio não foi o único parente de Lula beneficiado pela Odebrecht. A pedido do ex-presidente, a empreiteira também teria pago uma mesada de R$ 5 mil a um dos irmãos do ex-presidente, conhecido como Frei Chico. O valor teria sido pago por mais de dez anos e os pagamentos só teriam cessado depois da prisão dos executivos da empresa.
Influência
O executivo Marcelo Odebrecht também pode ter detalhado em seus depoimentos a existência de uma espécie de conta corrente do grupo relacionada ao ex-presidente com o objetivo de manter Lula influente mesmo depois de sua saída da Presidência da República. A conta seria gerenciada pelo ex-ministro Antônio Palocci – preso na Lava Jato. Um dos meios para consolidar a influência política de Lula seria o investimento em campanhas de líderes de esquerda em países vizinhos.
Tráfico de influência internacional
Executivos da empreiteira vão esclarecer se o ex-presidente cometeu tráfico de influência internacional. A suspeita é de que Lula teria ajudado a construtora Odebrecht a obter contratos na América Latina e na África com recursos do BNDES. O tráfico de influência teria sido iniciado logo após Lula deixar a Presidência da República, em 2011, e durado até 2014.
Palestras no exterior
O ex-presidente também teria recebido R$ 4 milhões da Odebrecht por dez palestras realizadas no exterior depois de deixar a Presidência da República. Lula era contratado para fazer as conferências quando a empreiteira enfrentava algum problema em contratos que havia assinado naquele país. As palestras do ex-presidente também são alvo de investigação da Polícia Federal em Curitiba.