Decisão do PSB une a base aliada com Dilma, diz líder do PT

• 0

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Fernando Ferro (PE), afirmou nesta terça-feira (27) que a decisão do PSB de retirar a candidatura do deputado federal Ciro Gomes (CE) à Presidência da República une a base aliada em torno do nome de Dilma Rousseff, pré-candidata do PT.

"É uma decisão importante do PSB para unir a base e partirmos para uma candidatura que aglutina o nosso campo, que é a da ministra Dilma. Foi a medida mais salutar e correta e vem de encontro àquela tese de que quem é governo não pode dividir e a candidatura do Ciro, apesar de todas as suas qualificações pessoais, nos dividia. A decisão do PSB consolida nossa aliança no Brasil e em vários estados", disse o líder do PT ao G1.

Ferro minimizou as críticas feitas pelo deputado ao PT e disse que Ciro estará na mesma "trincheira" nas eleições. "No momento do calor da decisão há ressentimentos e mágoas, o que é natural, mas no momento da dinâmica de campanha tenho certeza que o Ciro estará nas trincheiras junto conosco. É uma questão de tempo e de esfriar a cabeça".

O líder do PT afirma que a decisão do partido aliado é importante para todas as legendas que integram a base por realçar que o projeto nacional é o principal. Ferro acredita que a decisão poderá levar a mais acordos nos estados entre os partidos.

PSB

Após a reunião desta terça onde foi decidido o destino da candidatura de Ciro, Eduardo Campos, presidente do PSB, disse que foi "a leitura da conjuntura política feita pelos 27 estados e junto aos movimentos sociais que influenciou na decisão de vetar a candidatura de Ciro". "Tivemos 20 estados que decidiram por não ter candidatura e apenas sete estados decidiram ter candidatura", explicou o presidente do PSB.

Ainda de acordo com Campos, a prioridade do partido no momento não é patrocinar uma candidatura à Presidência, mas sim priorizar o crescimento da sigla nos estados e no Congresso. "Abrimos novas e concretas vias no crescimento do processo partidário. A melhor opção no momento é o PSB não disputar a Presidência da República."

"[O partido] Avalia como correta e consequente a participação do PSB no governo Lula. As eleições de outubro não estão definidas. O PSB está pronto para ampliar a sua presença nas eleições estaduais e no Senado", disse Eduardo Campos.

O presidente do PSB comunicou a decisão da Executiva, por telefone, a Ciro. A ligação ocorreu momentos antes de Campos anunciar a decisão à imprensa. "Ciro está no Rio de Janeiro. Falei com ele por telefone, comuniquei a decisão e ele me disse que já estava preparando uma nota para falar sobre essa decisão", disse Campos.

O G1 não conseguiu falar com o deputado Ciro Gomes. A assessoria do parlamentar disse, no entanto, que ele não vai comentar a decisão do partido.

O presidente do PSB disse que irá fazer uma reunião com PT na próxima terça-feira para tratar da adesão da sigla à candidatura de Dilma Rousseff. Campos também disse que vai encontrar Ciro ainda nesta quarta no Rio de Janeiro para conversar sobre o assunto.

Negociações

Desde a semana passada, as lideranças do partido discutiam a candidatura com o deputado, que insistia em concorrer à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na quinta-feira passada, após reunião com Lula, Eduardo Campos disse que Ciro mantinha a decisão de disputar a Presidência, mas que a decisão seria decidida nesta terça pela Executiva do partido após consulta aos diretórios estaduais.

Um dia antes, em entrevista aos Diários Associados, o próprio presidente Lula havia dito que conversaria com Ciro. Em entrevista ao SBT no dia 23, no entanto, Ciro afirmou que Lula estava perdendo a humildade e reclamou que o presidente nunca tratou de candidatura com ele. "Por que ele não pode tratar esses assuntos com franqueza? Por que não trata comigo cara a cara, francamente?", indagou.