“Dizem que a carga tributária no Brasil é alta, mas isso é ‘balela’. Como socialista defendo o aumento da carga, mas de forma justa, progressiva. Hoje o pobre paga mais imposto que o rico.”| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Perfil

Nome: Bruno César Deschamps Meirinho

Idade: 26 anos

Cidade natal: Curitiba

Estado Civil: Solteiro

Formação: Bacharel em Direito

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Na última das sabatinas realizadas pela Gazeta do Povo com os candidatos à prefeitura de Curitiba, Bruno Meirinho (PSol) apresentou sua propostas e criticou as três esferas de governo: municipal, estadual e federal. Em defesa do passe livre, o candidato afirmou que é preciso aumentar a carga tributária – em especial a progressividade do IPTU – para garantir que o transporte coletivo seja gratuito a todos. Quanto à moradia, ele afirmou que seu partido apóia os movimentos sociais de trabalhadores rurais sem-terra e propõe, inclusive, a desapropriação de imóveis com mais de cinco anos sem uso.

Meirinho acusou ainda presidente Lula de ter cedido ao poder econômico, o governador Requião de ter problemas com a democracia e a prefeitura de Curitiba de ser injusta na tributação, ao deixar de cobrar a contribuição de melhoria dos imóveis no entorno da Linha Verde. Veja, a seguir, alguns trechos da entrevista. Ou clique aqui e confira a sabatina completa.

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Passe livre

"O primeiro passo seria rever as planilhas de custos do transporte coletivo de Curitiba. Depois de revistos os valores, a tarifa poderia ser diminuida até chegar a zero. O custo para manter o sistema seria de aproximadamente R$ 500 milhões por ano. As pessoas jurídicas, que têm interesse na mobilidade, poderiam financiar uma parte dos custos, e o IPTU progressivo também geraria recursos para garantir o passe livre."

Política fiscal

"Dizem que a carga tributária no Brasil é alta, mas isso é ‘balela’. Como socialista, defendo o aumento da carga, mas de forma justa, progressiva, com os mais ricos pagando mais que os mais pobres. E a adoção do IPTU progressivo por tempo de desuso (do imóvel), para evitar a especulação imobiliária. O IPTU subiria a cada ano, até alcançar o teto de 15%."

Ocupações

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"Não apoiamos a ocupação, mas o fim do despejo. Há imóveis vagos em Curitiba. É preciso acabar com a especulação imobiliária. O IPTU progressivo é um forma. Mas, se não adiantar, depois de cinco anos de desuso poderíamos desapropriar o imóvel para transformá-lo em habitação popular. É preciso entender que a ocupação é a última saída para quem não tem uma moradia digna. Apoiamos os movimentos dos trabalhadores rurais sem-terra."

Linha Verde

"Apresentei um estudo sobre a Linha Verde em um encontro no Paraguai que fazia críticas severas à obra. É inconcebível que uma obra desse tamanho não tenha previsão de cobrança de contribuição de melhoria. Esse tributo deve ser cobrado quando é feita uma obra que traz valorização aos imóveis do entorno da obra. Sempre que é feita uma benfeitoria na periferia a contribuição de melhoria é cobrada. Mas, nesse tipo de obra, que vai beneficiar grandes empresários, não se cobra. Além disso, existe uma lei que estabelece incentivos fiscais a empresas que se instalem no Tecnoparque (ao longo da Linha Verde), com ISS reduzido de 2%, dez anos de isenção de IPTU. O imposto deve existir para socializar a riqueza, mas não é cobrado de quem pode mais."

Oposição

"Acho que em uma cidade com tantos problemas, como Curitiba, uma aprovação tão alta (a de Beto Richa, que aparece nas últimas pesquisas com mais de 80% de aprovação) não reflete a realidade. É preciso haver organização por parte da oposição para denunciar problemas. E nos últimos anos foi feita uma oposição fraca, devido à fragmentação da esquerda.Quem sai perdendo é a democracia. Precisamos unir a esquerda, o PSol, o PSTU, o PCB, e fazer uma oposição ao governo Lula, mas diferente da oposição feita pela direita conservadora."

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Lula e Requião

"O Lula mudou o discurso antes mesmo de vencer as eleições (respondendo sobre o fato de o presidente ter dito que é fácil falar e até mesmo blefar quando se é de oposição). Ele cedeu ao poder econômico e esvaziou os movimentos sociais. O governo Requião tem muitos problemas relacionados ao processo democrático. É muito autoritário. Além disso, há muitas contradições. Se por um lado ele se diz sintonizado aos movimentos sociais, por outro é o governo que mais promoveu reintegrações de posse, mantém presos políticos e tem ligações com os barões do agronegócio."

Mensagem aos eleitores

"É preciso melhorar a vida dos trabalhadores e garantir mais igualdade. Esse é o nosso lema, o nosso tema da campanha. Por isso que falamos tanto em catracas. É preciso socializar a riqueza."

Clique aqui e confira a sabatina na íntegra

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Participaram da sabatina: Oscar Röker Netto, chefe de redação; Eduardo Aguiar, editor executivo de Vida Pública, Rogério Galindo, editor de Vida e Cidadania; Flávia Alves, repórter de Vida Pública; Adriano Kotsan, repórter da Gazeta do Povo Online.