Acusações e defesa
Veja o que os defensores de cinco réus disseram ontem no STF:
Paulo Rocha
O ex-deputado é acusado de ficar com R$ 820 mil do esquema ele confirmou ter recebido R$ 620 mil de Marcos Valério por meio de sua assessora, Anita Leocádia. Segundo a defesa, o valor foi destinado a quitar dívidas de campanha. Para o defensor, o fato de ele ter mandado a secretária para fazer os saques mostra que ele não desconfiava da origem do dinheiro.
Anita Leocádia
Ex-assessoria de Paulo Rocha é acusada de receber R$ 620 mil do esquema do mensalão. A defesa argumentou que ela não sabia dos empréstimos tomados pelo PT no Banco Rural. O advogado disse ainda que ela apenas cumpria ordens.
Professor Luizinho
O ex-deputado é acusado de ter mandado um de seus assessores sacar R$ 20 mil no Banco Rural, em dezembro de 2003. Segundo a defesa, o deputado não sabia que seu assessor, José Nilson dos Santos, recebeu o dinheiro de Delúbio Soares. Santos, de acordo com a defesa, era íntimo de Delúbio e não comunicou o parlamentar.
João Magno
O ex-deputado federal teria recebido R$ 360 mil do esquema. Sua defesa argumentou que o dinheiro era para pagar dívidas de campanha e que ele não sabia da origem ilícita dos recursos. O advogado ainda classificou o mensalão como "farsa midiática" e disse que a denúncia do Ministério Público é "falaciosa e pífia".
Anderson Adauto
Segundo a acusação, o ex-ministro dos Transportes e atual prefeito de Uberaba (MG) recebeu R$ 950 mil e ajudou a montar o esquema de compra de apoio político no PTB. A defesa negou que ele tenha sido o responsável por apresentar o esquema ao PTB. O advogado também insistiu na tese de que Adauto recebeu recursos para pagar dívida de campanha.
Declarações
"Procurador-geral da República, a tua piscina está cheia de ratos, mas tuas ideias não correspondem aos fatos".
Luís Maximiliano Leal Telesca Mota, advogado de Anita Leocádia, ex-assessora do ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), lembrando uma música de Cazuza para ironizar o procurador Roberto Gurgel.
"O boca enorme [Jefferson] não teria qualquer dificuldade em imputar a [Anderson] Adauto uma participação se o fato fosse verdadeiro. Não há relação entre Jefferson e Adauto".
Roberto Gargia Pagliuso, advogado do ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto.
A defesa do ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto negou ontem no Supremo Tribunal Federal (STF), durante o julgamento do mensalão, que ele tenha apresentado o esquema ao PTB de Roberto Jefferson, delator do escândalo. A defesa de Adauto, atualmente prefeito de Uberaba (MG), afirmou ainda que ele recebeu recursos de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, para pagar dívidas de campanha.
Ontem, no penúltimo dia de apresentação das defesas, os advogados voltaram a insistir na tese de caixa dois para pagar dívidas de campanha. Além do advogado de Adauto, foram ouvidos os defensores dos ex-deputados federais Paulo Rocha, Professor Luizinho e João Magno e de uma assessora de Rocha. As defesas de outros três reús serão apresentadas hoje. Depois disso, o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, começará a ler o seu voto.
Segundo a denúncia do Ministério Público, Anderson Adauto recebeu R$ 950 mil do publicitário Marcos Valério, considerado o operador do mensalão, e apresentou o esquema ao PTB. "A relação do PT com o PTB era contínua e estável e não houve intervenção de Adauto para isso, ele não integrava a cúpula dos partidos", afirmou o advogado Roberto Gargia Pagliuso. "O boca enorme [Jefferson] não teria qualquer dificuldade em imputar a Adauto uma participação se o fato fosse verdadeiro." Pagliuso disse que seu cliente, que era filiado ao PL, recebeu dinheiro do PT para pagar seus débitos eleitorais de 2002.
O primeiro a falar ontem, o advogado João dos Santos Gomes Filho, defensor do ex-deputado petista Paulo Rocha, disse que seu cliente usou os recursos recebidos para pagar o caixa dois de campanhas eleitorais no Pará. Gomes Filho afirmou que a reunião no apartamento de Rocha em que foi fechado um acordo entre o PT e o PL para as eleições de 2002, o ex-deputado apenas "tomou uma cachacinha" com o ex-presidente Lula.
O advogado do ex-deputado petista Professor Luizinho sustentou que o ex-parlamentar não sabia que seu assessor tinha recebido R$ 20 mil do esquema. Segundo Pierpaolo Bottini, o assessor José Nilson dos Santos era íntimo de Delúbio Soares e negociou o dinheiro diretamente. "Criou-se um mito demoníaco de que ser político é ser desonesto", disse.
O advogado do ex-deputado João Magno (PT-MG), Sebastidão Ferreira Reis, também disse que o dinheiro atribuído ao seu cliente era caixa dois. Reis afirmou que o mensalão é uma "farsa midiática" construída em cima de uma série de boatos a partir da imprensa que faz "tramoias, vende matérias, se mete em conluios".
Lula
Os ministros do STF descartam incluir o ex-presidente Lula na ação penal do mensalão. O ministro Marco Aurélio Mello afirmou que não cabe ao tribunal acrescentar nomes. "O Judiciário não tem a iniciativa de abrir uma ação penal contra quem quer que seja", disse. "A Procuradoria-Geral da República tinha conhecimento do que estava nos autos".
Na sessão de segunda-feira, o advogado de Jefferson, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, acusou Lula de ser o mandante do esquema do mensalão e pediu a conversão do julgamento em diligência para que o nome do ex-presidente fosse incluído para ser julgado. A discussão sobre a inclusão de Lula deve ser julgada logo no início dos votos dos ministros, a partir de hoje.