Antes mesmo do início da perícia da Polícia Federal, exames feitos pelo Conselho de Ética do Senado apontam graves irregularidades na documentação apresentada como defesa pelo senador Renan Calheiros, acusado de ter gastos pessoais bancados pelo lobista de uma empreiteira.
Técnicos do Conselho de Ética que estiveram em Alagoas constataram que pelo menos duas empresas compradoras de gado de fazendas do senador são fantasmas.
Uma denúncia feita pelo Jornal Nacional no mês passado mostrou que estas mesmas empresas GF da Silva Costa e Carnal - Carnes de Alagoas, apesar de inexistentes, aparecem nos recibos entregues pelo senador ao Conselho de Ética.
Com a confirmação dos técnicos, um dos relatores do caso, o senador Renato Casagrande, disse que o conselho poderá pedir ao Plenário do Senado que quebre o sigilo destas empresas. E cobrou uma investigação imediata das autoridades fiscais.
"Essa constatação de empresa fantasma comprando gado em Alagoas é um trabalho que a própria Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas deve tomar providência para que verificar quem são os responsáveis pela utilização dessas empresas", disse Casagrande.
O senador Renan Calheiros afirmou, nesta terça-feira (24), que "estamos pedindo que as empresas que compraram as carnes sejam investigadas". Segundo ele, os cheques depositados na conta dele foram descontados normalmente.
O Conselho de Ética fez um pedido oficial para que quatro empresas e cinco pessoas que aparecem nos recibos colaborem com a investigação apresentando notas fiscais dos negócios com o senador. Até agora, apenas o deputado Olavo Calheiros, irmão de Renan, entregou comprovantes dos negócios.
A Polícia Federal enviou ofício ao Conselho de Ética informando que começará nesta quarta-feira (25) a perícia nos documentos da defesa de Renan. Ela tem o prazo de 20 dias para dizer se os papéis que o senador apresentou para comprovar sua renda agropecuária são autênticos ou não.
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