Sem acordo e com uma contradição. Foi desse modo que acabou o depoimento do doleiro, Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona prestado para seis procuradores da República, nesta sexta-feira, em Curitiba. A expectativa da Força-Tarefa das contas CC-5, que investiga o envio ilegal de dinheiro para fora do país, era de que o doleiro apresentasse novos fatos e provas quanto ao esquema de evasão de divisas em sua casa de câmbio, a Barcelona, em troca do benefício da Delação Premiada.
O advogado de Barcelona, Ricardo Sayeg, no entanto, afirma que a defesa sequer fez alguma proposta de acordo para a redução da pena. "Não se faz barganha com a Justiça. Eu nunca tentei acordo. O Antônio está aqui por sua moral e porque quer ajudar a passar o Brasil a limpo."
Já o procurador Vladimir Aras, que integra a Força-Tarefa, afirma que procuradoria e defesa negociaram a concessão do benefício a Barcelona, que cumpre pena de 25 anos na penitenciária de segurança máxima de Avaré, no interior de São Paulo. "Houve uma conversa. Isso sempre é discutido, mas não chegamos a uma proposta formal."
Aras classificou o depoimento de frustrante e afirmou que o próximo passo da Força-Tarefa é pedir a quebra de sigilo das contas da Trade Link. A Trade é uma instituição financeira ligada ao Banco Rural nas Ilhas Caymann. O paraíso fiscal no Caribe, segundo Barcelona, seria um dos destinos do dinheiro do PT que saía ilicitamente do país.
No depoimento, o doleiro teria repetido as acusações contra o PT e membros do governo como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Justiça, Márcio Tomaz Bastos, feitas na última terça-feira a membros da CPI dos Correios.
Para Aras, porém, esse não é o foco do trabalho da Força-Tarefa. "Esses personagens têm Foro Privilegiado e só podem ser investigados pelo procurador-geral da República".
O procurador também defendeu a reabertura dos trabalhos da CPI do Banestado. "Teríamos mais celeridade na condução de certas investigações e isso nos ajudaria."
Sayeg também ressaltou que seu cliente estaria disposto a falar na CPI. "Em outras oportunidades parece que a CPI não teve interesse em escutá-lo. Ele nunca se negou a falar e colaborar".
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