Enquanto se preparava para anunciar o ex-presidente Lula como ministro na tentativa de começar a sair do atoleiro político, o governo Dilma Rousseff foi bombardeado com o teor da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS).
Além da própria Dilma, o parlamentar implicou nos depoimentos Lula e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
No cenário de terra arrasada, cada um luta para salvar a si mesmo: Dilma repudiou a vinculação de seu nome a qualquer irregularidade; Mercadante diz que foi apenas solidário com Delcídio; e Lula praticamente sacramentou sua vaga na Esplanada dos Ministério e o direito a foro privilegiado.
Na terça-feira (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki homologou a delação em que Delcídio cita ainda ex-ministros e diversos parlamentares – incluindo o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Sobre Dilma, ele afirmou que a presidente usou de influência para evitar a punição de empreiteiros envolvidos na Lava Jato junto ao STF e também ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Também disse que Dilma sabia do superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA – na época da negociação, ela era presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Diante das informações, a Procuradoria Geral da República (PGR) vai avaliar se as afirmações justificam um pedido de investigação da petista por tentativa de obstruir as investigações do esquema de corrupção da Petrobras.
À PGR, o ex-petista entregou uma gravação feita por um de seus assessores com Mercadante – um dos nomes mais próximos a Dilma −, em que o ministro tenta evitar a delação dele, oferecendo ajuda financeira e lobby junto ao STF para a sua soltura.
“ Mercadante, em tais oportunidades, disse a Eduardo Marzagão [assessor de Delcídio] para o depoente ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar”, diz o depoimento. Para o parlamentar, o ministro “agiu como emissário da Presidente da República e, portanto, do governo”.
Já em relação a Lula, que está próximo de se tornar ministro, Delcídio declarou que o ex-presidente participou da reunião no Palácio do Planalto, em 2003, que selou a indicação de Nestor Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras.
Mais do que isso, afirmou que ele “teve participação em todas as decisões relativas as diretorias das grandes empresas estatais”. Disse ainda que partiu de Lula a ordem para que ele tentasse convencer Cerveró a não implicar o pecuarista José Carlos Bumlai numa eventual delação – Delcídio foi preso exatamente por isso.
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