O procurador da República Diogo Castor de Mattos, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta quarta-feira, durante evento do Dia Internacional de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal, que considera a possível delação do senador Delcídio do Amaral (PT- MS) importante para que a investigação revele o centro político do esquema de corrupção da Petrobras. O senador ainda não fechou o acordo de colaboração, mas sua defesa faz movimentos nesse sentido.
“Eu acho que (a delação) é emblemática. Pela primeira vez na história do país uma investigação chegaria tão longe: dentro realmente do coração político do possível esquema de corrupção e desvios de recursos públicos, de apropriação privada de coisa pública”, disse Mattos.
O procurador afirmou temer que o processo de impeachment aberto contra a presidente Dilma Rousseff desvie o foco da opinião pública das investigações sobre o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em sua explanação a respeito das dez medidas contra a corrupção propostas pelo MPF, Mattos classificou a Operação Lava Jato como um “ato de ousadia”, capaz de quebrar paradigmas. “O Mensalão ficou em cima do muro”, criticou.
Ainda de acordo com o procurador, a lavagem de dinheiro virou profissão no Brasil. O crime contaria com agentes de corrupção racionais e qualificados e, por isso, seria mais difícil de combater.
Durante o evento, voluntários que recolheram grande quantidade de assinaturas em favor das medidas de combate à corrupção defendidas pelos procuradores receberam uma homenagem. Um grupo que assistia ao evento estendeu uma faixa de 50 metros com dizeres em apoio à Lava Jato em frente ao prédio da Procuradoria da República no Estado do Paraná, no centro de Curitiba.