O acordo de delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) no âmbito da Operação Lava Jato reacendeu a discussão em torno da saída da presidente Dilma Rousseff (PT).
Conforme a revista IstoÉ, o senador revelou envolvimento da petista e do ex-presidente Lula no esquema de corrupção na Petrobras e detalhou tentativas de interferência dos dois petistas nas investigações. Em nota assinada por Delcídio e seu advogado, Antonio Figueiredo Basto, eles não confirmam as informações divulgadas pela IstoÉ.
Diante do vazamento de supostos trechos da delação, a oposição pressiona pela renúncia da presidente, enquanto a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) pede acesso ao material para avaliar se vai discutir se formulará um novo pedido de impeachment da petista.
Uma ação de deposição de Dilma está parada desde o final do ano passado no Congresso, aguardando definições do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito do procedimento.
Na análise de oposicionistas, pressionar pela renúncia é uma forma de atrair o PMDB, que assumiria o governo com o vice-presidente Michel Temer.
A ideia é que peemedebistas não tão próximos a Dilma possam endossar a saída da presidente, já que, se confirmadas as informações da delação, o governo perderia qualquer tipo de sustentação. A oposição também quer incluir a suposta delação de Delcídio no pedido de impeachment que corre no Congresso.
Dilma repudia ‘uso de vazamentos como arma política’ e pede apuração
Leia a matéria completaPor uma questão de celeridade do processo, os oposicionistas avaliam que um acréscimo de informações na ação que já está em curso evita que um novo processo seja aberto e, com isso, etapas já superadas tenham que ser refeitas.
Por outro lado, os parlamentares também evitam, assim, deixar novamente nas mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – hoje réu da Lava Jato –, a decisão sobre quando e como se daria a abertura do novo caso.
Em nota, Lula diz que jamais participou de ilegalidade
Leia a matéria completaAs imputações contra Dilma também dão força aos movimentos populares que pedem a saída da presidente. Eles preparam uma ofensiva para pressionar deputados do PMDB para participar das manifestações anti-Dilma marcadas para o próximo dia 13.
A avaliação é de que, com a força dos peemedebistas, outros partidos também possam “pular fora do barco” de Dilma e dar mais força aos movimentos.
Já o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, disse que deve protocolar nesta sexta-feira (4) no STF um requerimento de acesso à delação premiada de Delcídio. De acordo com ele, a possível interferência da presidente na Lava Jato constitui “fato gravíssimo” que poderia ensejar em um novo pedido de impeachment de autoria da Ordem.
Segundo a IstoÉ, Delcídio teria detalhado que Dilma tentou interferir na Lava Jato por pelo menos três vezes, com auxílio do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.