• Carregando...
Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa: depoimento indica mais propina. | Wilson Dias/Agência Brasil
Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa: depoimento indica mais propina.| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O executivo Dalton Avancini, ex-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, declarou à força-tarefa da Operação Lava Jato que em agosto de 2014 houve ‘uma reunião na empresa UTC’, em São Paulo, em que ‘foi comentado que havia certos compromissos do pagamento de propinas ao PMDB no montante de 1% e a dirigentes da Eletronuclear’. Os repasses teriam sido acertados no âmbito das obras de Angra 3.

As revelações de Avancini foram feitas dia 12 de março em delação premiada que ele firmou com a força-tarefa da Lava Jato. Dois termos da colaboração do executivo foram juntados aos autos pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz as ações sobre desvios e cartel na Petrobras. Ao enviar ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) informações em habeas corpus impetrado por um alvo da Erga Omnes – a mais nova etapa da Lava Jato –, o juiz assinalou que “há provas” de que o esquema que provocou um rombo estimado em R$ 6 bilhões na estatal petrolífera foi “reproduzido” em outras áreas do governo.

Em sua delação, Avancini diz não saber se a reunião na UTC ocorreu por iniciativa de Ricardo Pessoa ou de Antonio Carlos Miranda. Presidente da UTC Engenharia, Pessoa também fez delação premiada e apontou os nomes de pelo menos 18 políticos supostamente beneficiários de recursos do cartel. O empreiteiro declarou à Procuradoria-Geral da República que repassou R$ 7,5 milhões para a campanha da petista Dilma Rousseff à Presidência, em 2010.

Naquela reunião, destacou o delator, foram “tratados alguns aspectos técnicos desse contrato, bem como o cronograma de execução, haja vista que a própria Andrade Gutierrez já havia reportado que atrasos na área civil iria repercutir no descumprimento de prazos do novo contrato”.

O delator citou um executivo, Luiz Carlos Martins, segundo ele também da Camargo Corrêa. Avancini disse que “cogitou-se da necessidade de contratação de uma empresa para dar cobertura legal ao pagamento da propina, sendo definido que caso isso fosse feito ficaria a cargo de Luis Carlos e de Miranda (da UTC) tratar desse assunto”.

A transcrição do relato de Dalton Avancini. “Que nessa reunião estavam presentes pela Andrade Gutierrez, Flávio Barra, pela Techint Ricardo Ourique, pela Camargo o declarante, pela UTC, Ricardo Pessoa, pela Odebrecht, Fabio Gandolfo, o qual segundo sabe estaria tratando pela primeira vez acerca do assunto, pela EBE um executivo de nome Renato, segundo recorda e pela Queiroz Galvão o seu presidente de nome Petronio; que, observa que na sua caixa de e-mails existe uma mensagem eletrônica datada de 26/08/2014 enviada pela UTC onde consta a convocação para a mencionada reunião, ocorrida na sede da última empresa; que não sabe se efetivamente houve algum pagamento de propina ou a promessa de pagamento a alguém em especial, eis que no mês de setembro de 2014 acabou sendo detido e se encontra desde então na custodia desta Superintendência da Polícia Federal no Paraná.”

A Eletronuclear não respondeu ao contato da reportagem até o fechamento da matéria.

Outro lado

O PMDB repudia todas acusações de pagamento de propina ao partido. E jamais autorizou qualquer pessoa a usar o nome da legenda para cobrar valores ou realizar intermediações entre empresas estatais e órgãos de governo. As construtoras citadas também negaram participação. A UTC Engenharia não vai se pronunciar.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]