Sílvio Pereira, ex-secretário geral do PT que fechou acordo para se livrar de um processo de formação de quadrilha no Mensalão, teria recebido um “cala boca” de R$ 50 mil por mês, em dinheiro, das empresas OAS e UTC, para não revelar o esquema de propinas para o PT. A informação fez parte do novo depoimento dado por Fernando Moura ao Ministério Público Federal para tentar salvar seu acordo de delação premiada, prestado na última quinta-feira. O acordo de Moura pode ser anulado. Ao depor ao juiz Sérgio Moro, Moura se contradisse e chegou a dizer que não havia lido os termos da delação antes de assinar.
“O problema do Sílvio com relação ao PT é muito forte. Todo esse processo em relação à Petrobras quem começou foi o Sílvio”, disse Moura, que deve prestar novo depoimento à Justiça e disse ter mentido ao juiz Sérgio Moro porque recebeu ameaça velada.
Os pagamentos a Sílvio Pereira, acredita Moura, teriam sido feitos até surgir o escândalo da Petrobras, pois ele não tinha rendimentos. O delator havia contado que também recebeu um “cala boca” quando surgiu o escândalo do Mensalão e que havia saído do país para “esperar a poeira baixar” por orientação de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil condenado no processo e, agora, réu na Operação Lava-Jato.
O delator disse que a negociação de propina da Petrobras foi feita com Sílvio Pereira e que foi ele quem lhe disse que “parte era para o Zé” (José Dirceu). Afirmou ainda que foi Sívio Pereira quem indicou Renato Duque para a diretoria de Serviços da Petrobras, pelo diretório do PT em São Paulo, e que Dirceu deu voto de “desempate” na escolha, já que havia outro postulante para o cargo.
Amigo de Dirceu, Moura confessou que recebeu um “cala boca” para ficar fora do país, mas informou que negociou o valor com Renato Duque, então diretor da Petrobras, e com Mílton Pascowitch, operador de propina que repassou dinheiro para Dirceu. O dinheiro para Moura, segundo seu próprio depoimento, vinha da empresa Hope, fornecedora de serviços da Petrobras.
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