O operador de propinas do PMDB na Lava Jato, Fernando “Baiano” Soares, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) se reuniu pelo menos duas vezes com o pecuarista José Carlos Bumlai e com João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil (companhia criada pela Petrobras para construção de 28 navios-sondas com conteúdo nacional), para tratar de negócios intermediados por ele, em nome do grupo OSX – do empresário Eike Batista.
A afirmação consta de uma parta da delação premiada de Baiano, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que foi obtida e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo na terça-feira (20).
Segundo a denúncia do jornal, Fernando Baiano afirma que os encontros aconteceram no Instituto Lula, em São Paulo, no primeiro semestre de 2011, e antecederam a cobrança de R$ 3 milhões por Bumlai para supostamente pagar uma dívida de imóvel de uma nora do ex-presidente. “Essa reunião foi efetivamente realizada em São Paulo no final do primeiro semestre de 2011”, afirmou o delator. “Antes dessa reunião, o depoente encontrou João Carlos Ferraz e Bumlai. Esse encontro ocorreu em um restaurante italiano embaixo de um flat, onde almoçaram”.
Segundo a reportagem, o operador do PMDB contou que o local do encontro foi o Restaurante Tatini, no Jardim Paulista. “Bumlai orientou José Carlos Ferraz sobre o que falar a Lula”, revelou Baiano. “Depois, José Carlos Ferraz e Bumlai foram para a reunião com Lula; que essa reunião ocorreu no Instituto Lula”, afirmou Fernando Baiano.
Ferraz era ex-funcionário da Petrobras. Foi o primeiro presidente da Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras com bancos e fundos de pensão, para contratação de 28 navios-sonda pelo valor de US$ 22 bilhões.
De acordo com o jornal, Ferraz e outro ex-executivo da Sete Brasil, Eduardo Musa, confessaram em delação premiada que esses contratos envolveram propina de 1%. Parte abasteceu os cofres do PT, contou o ex-gerente de Engenharia, Pedro Barusco.
Lula e pecuarista negam as acusações de Fernando Baiano
O ex-presidente Lula informou ao jornal O Estado de S. Paulo que não comenta supostos trechos de documentos que estão sob sigilo judicial. Em nota, o Instituto Lula reiterou que o ex-presidente nunca atuou como intermediário de empresas em contratos, antes, durante ou depois de seu governo e que jamais autorizou que José Carlos Bumlai ou qualquer pessoa utilizasse seu nome em qualquer espécie de lobby. “Não existe a dívida de 2 milhões supostamente mencionada na delação”, diz ainda a nota.
Já o pecuarista José Carlos Bumlai disse, também em nota, que nunca atuou em nome de OSX ou de Fernando Baiano em quaisquer demandas, nem pediu dinheiro usando o nome do ex-presidente Lula ou de seus familiares, para beneficiar quem quer que fosse. O pecuarista ainda afirmou que tais fatos “não existem.”
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