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Milton Pascowitch reforçou em depoimento as acusações ao PT. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Milton Pascowitch reforçou em depoimento as acusações ao PT.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O lobista Milton Pascowitch afirmou, em sua delação premiada, que fez pagamentos de R$ 10 milhões, em espécie, na sede do PT em São Paulo. Segundo ele, este valor saiu de um total de R$ 14 milhões em propinas sobre contrato de obras de cascos replicantes na Petrobras.

As informações constam do pedido de prisão do ex-ministro José Dirceu feito pelo Ministério Público Federal. Dirceu foi preso nesta segunda-feira (3), em Brasília, onde já cumpria prisão domiciliar como condenado do mensalão.

Lava Jato ‘vai retirar um câncer de uma sociedade doente’, diz procurador

A corrupção é um câncer que torna a sociedade doente, e a Operação Lava Jato é a cirurgia que vai extirpar essa doença. Foi utilizando-se de imagens médicas que o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, arrancou risos e aplausos de cerca de 750 pessoas na noite deste domingo (2), em Curitiba.

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“A respeito dos pagamentos a [João] Vaccari [Neto, ex-tesoureiro do PT], Milton ressaiu que os repasses ocorriam para o próprio Vaccari ou ao PT, em espécie e via doações legais, sendo que cabia a [Gérson] Almada [ex-vice-presidente da Engevix] como os repasses seriam feitos. A propina em razão do contrato dos cascos replicantes somou, afirmou Milton, cerca de R$ 14 milhões, entregues ao longo de 2009 até 2011”, diz o pedido de prisão da Procuradoria da República.

“Destes recursos, ressaiu o colaborador, foram feitos pagamentos da ordem de R$ 10 milhões em espécie na sede do PT em São Paulo. Informou o colaborador que em duas ocasiões houve entrega para uma portadora de Vaccari, Márcia. Segundo Milton, os valores repassados a Vaccari eram devolvidos à Jamp (empresa de Pascowitch) por contratos de prestação de serviços que não foram realizados com a Engevix. Pagamento semelhante teria ocorrido, ressaiu Milton, quanto à obra de Belo Monte [também alvo da Lava Jato]. Neste caso, a Engevix teria repassado R$ 532.765,05, os quais foram entregues pelo colaborador a Vaccari, em espécie, na sede do PT em São Paulo, aproximadamente em 11/2011.”

Um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, Pascowitch é acusado de ter operado propina, em nome da Engevix na Diretoria de Serviços da estatal, elo com o PT. Pascowitch teve a prisão preventiva transformada em regime domiciliar, após ter firmado acordo de colaboração.

Investigadores da Lava Jato suspeitam que o esquema sistematizado de corrupção em obras de refinarias foi espelhado nos contratos do pré-sal. Nele, empresas do cartel pagavam propinas que iam de 1% a 3% do valor dos contratos a agentes públicos, partidos e políticos - sob o comando de PT, PMDB e PP.

Gérson Almada admitiu, em interrogatório judicial, a existência de pagamentos pela Engevix em contratos na Diretoria de Serviços da Petrobras. O executivo revelou que os pagamentos começaram em torno de 2003 e 2004, a partir do contrato para as obras do Gasoduto Cacimbas, e que tal ocorria para garantir que a empresa “continuasse trabalhando” e também para “manter um relacionamento com o partido”, no caso, o PT.

“O elo da Engevix com a Diretoria de Serviços e com o PT era Milton”, afirma o Ministério Público Federal. “O valor dos repasses, afirmou Almada, variavam de 0,5% a 1% do valor dos contratos. Almada apontou vários contratos em razão dos quais houve os pagamentos, dentre eles, Cacimbas, Cacimbas II, Refinaria Landulpho Alves (RLAM), Refinaria Getúlio Vargas (Repar) e Refinaria Presidente Bernardes - Cubatão (RPBC)”, afirma o documento do Ministério Público.

O PT ainda não se manifestou sobre a acusação do lobista Milton Pascowitch. Desde o início da Lava Jato, o partido tem reiterado que todas as doações arrecadadas têm origem lícita.

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