Renan Calheiros negou as acusações de Youssef e Costa.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

outros depoimentos

Ainda para esta semana, estão marcados os interrogatórios dos outros dez denunciados pela Operação Lava Jato. Entre eles estão o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.

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Os dois principais delatores da Operação LavaJato, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, reafirmaram à Justiça que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi um dos beneficiários da corrupção na Petrobras. Os dois foram os primeiros interrogados pelo juiz Sergio Moro, nesta segunda-feira (13), em uma das ações da Lava Jato, que tem entre os réus o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Durante quase quatro horas, os delatores detalharam como funcionou o esquema na estatal. Além de Renan, eles citaram o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) como um dos beneficiários da propina. Em delação premiada, Costa disse que os pagamentos ao peemedebista “furaram” o teto de 3% estabelecido como limite dos repasses a políticos no esquema. Em fevereiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a abertura de inquérito para investigar a denúncia.

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O criminalista Roberto Telhada, que defende executivos da OAS citados em uma ação penal da mesma fase, perguntou a Costa quem lhe dava sustentação política no PMDB: “O senador Renan Calheiros era um dos que me dava sustentação. Não, comigo não [negociou propina]. Mas ele tinha lá um representante, um deputado, Aníbal Gomes, que algumas vezes negociou isso comigo. O senador Renan Calheiros nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros. O Aníbal Gomes, sim”, afirmou Costa em depoimento à Justiça.

Telhada questionou ainda a validade do depoimento de Youssef e Costa. Para Telhada, eles foram contraditórios: “A defesa da OAS vai pedir a nulidade da delação de Paulo Roberto Costa, que mentiu. Disse hoje que recebeu de R$ 6 milhões a R$ 8 milhões de Alberto Youssef. Só que Youssef disse que entregou R$ 50 milhões a ele no Brasil”.

A defesa de Waldomiro de Oliveira, apontado como laranja de Youssef, contestou a veracidade da delação do doleiro. O criminalista Jeffrey Chiquini afirmou que Youssef fala “o que lhe convém”.

Outro lado

As defesas de Paulo Roberto Costa e de Alberto Youssef não quiseram se pronunciar. Em nota, o senador Renan Calheiros afirmou que “suas relações com todas as empresas públicas e seus diretores nunca ultrapassaram os limites institucionais. Da mesma forma reafirma que jamais autorizou o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa a falar em seu nome. Digno de registro também é a contradição, já que nos depoimentos anteriores o delator sempre negou ter tratado de projetos e valores com o senador Renan Calheiros”.