Brasília (AE) O líder do PT no Senado e presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (MS), confirmou ontem que o antropólogo Roberto Costa Pinho, que sacou R$ 350 mil da conta da agência de publicidade SMP&B, trabalhou na campanha eleitoral dele em 2002. "Ele era o coordenador de marketing da minha campanha, em 2002, e trabalhou comigo por 45 dias", disse.
Na análise de Amaral, a denúncia de uma suposta vinculação entre ele e Pinho se trata de uma tentativa de torná-lo frágil, politicamente, por causa do cargo ocupado na comissão.
"Isso é tiro contra mim. Na minha posição, é tiro sempre principalmente do fogo amigo", opinou. "Quero deixar muito claro que o coordenador-geral da minha campanha era Pérsio Andrade, vereador de Campo Grande, e não o Pinho", insistiu, acrescentando estar "surpreso" com a presença do nome do antropólogo na relação dos saques. "Não sei o que o levou a fazer isso." De acordo com Amaral, Pinho foi indicado para trabalhar na campanha pelo ex-secretário da prefeitura de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, João Santana, que trabalhou na gestão de ministro da Fazenda, Antônio Palocci, como prefeito. "O Palocci apresentou-me o João Santana para coordenar o marketing da minha campanha e, por sua vez, o Santana trouxe o Pinho para ficar como coordenador do grupo de marketing", relatou.
A saída do antropólogo 45 dias após iniciar os trabalhos ainda no começo da campanha, em 2002, aconteceu "por desentendimento sobre os métodos de trabalho e opiniões diferentes sobre os rumos da campanha", segundo Amaral.
Ele reconheceu também ter sido fiador de Pinho num imóvel na capital mato-grossense. "Como a campanha teria duração de seis meses, ninguém conseguia alugar um imóvel na cidade por menos de um ano. Era preciso também um fiador local e, como Pinho já era um senhor, casado com mulher nova, com filha muito pequena, não poderia ficar num flat e, por isso, aceitei ser fiador dele. Infelizmente, não passou de 45 dias", justificou.
"O que aconteceu em 2002 (durante a campanha eleitoral para o Senado) é completamente diferente do que aconteceu em 2003 e 2004", afirmou.
"Estou muito seguro em relação aos meus atos e, principalmente, aos 45 dias que Pinho permaneceu no início da minha campanha."
O líder do PT no Senado lembrou que o antropólogo é também "compadre" do ministro da Cultura, Gilberto Gil, e que, durante um período, trabalhou como assessor neste ministério. Pinho também inspirou Gil, recordou Amaral, na composição da música "Refazenda". "Sabe a música do Gil, Refazenda, que diz abacateiro acataremos teu ato...? O abacateiro é o Roberto Pinho", afirmou.
Outra memória trazida pelo líder do PT foi a criação, pelo ministro da Cultura e o antropólogo, no início dos anos 70, de um kibutz (fazenda coletiva) próximo a Brasília, inspirado no construído em Israel, após a Segunda Guerra Mundial. "O Gil pode contar isso melhor, mas o que sei é que os dois entraram em depressão e o kibutz não deu certo. Como o Roberto Pinho entrou em baixo astral, o Gil compôs Refazenda, para dar uma animada no seu amigo", disse Amaral.
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