Em depoimento à Justiça Federal na segunda-feira (5) o delegado da Polícia Federal Mario Fanton afirmou que se sentiu pressionado pelos colegas da Superintendência da PF em Curitiba durante suas investigações sobre o caso da escuta ilegal supostamente colocada na cela do doleiro Alberto Youssef. Fanton é lotado em Bauru, mas estava em Curitiba na época da investigação.
“Eu não tinha liberdade de fazer aquilo que era certo e necessário dentro do inquérito, eu estava sendo praticamente supervisionado e recebendo palpites e críticas a todo momento”, afirmou Fanton. Entre os responsáveis pela pressão, o delegado citou os colegas Igor Romário de Paula, Marcio Anselmo e Maurício Moscardi.
O inquérito a que Fanton se refere foi instaurado para investigar a cooptação do agente Paulo Romildo, conhecido como Bolacha, para que ele mudasse o teor de seu depoimento sobre a escuta encontrada na cela de Youssef. Inicialmente, Bolacha teria afirmado que a escuta não estaria funcionando.
Em depoimento prestado a Fanton, o agente da PF Dalmey Fernando Werlang teria admitido ser o responsável pela instalação da escuta na cela do doleiro. A escuta foi encontrada por Youssef em abril de 2014, pouco menos de um mês após ter sido preso na Operação Lava Jato e bem antes de firmar um acordo de delação premiada.
Questionado pelo juiz federal Sergio Moro, Fanton afirmou que não teve acesso aos áudios supostamente gravados na cela de Youssef. O delegado também disse que não questionou Dalmey sobre o conteúdo do que foi gravado. “Quando ele me informou dos fatos ele falou que teria conteúdo suficiente para preencher o espaço de dez a quinze dias”, disse Fanton. O delegado disse que não perguntou se Dalmey teria os áudios em seu poder.
CPI
A CPI da Petrobras ouviu os delegados da força tarefa da Lava Jato envolvidos no caso na semana passada. Foram ouvidos o superintendente da PF em Curitiba Rosalvo Franco, os delegados Igor Romário de Paula, Maurício Moscardi e Mario Fanton, entre outros.
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