Os delegados de Polícia Federal (PF) estão preocupados com o corte de R$ 133 milhões no orçamento da corporação para 2016. Eles dizem que a redução de cerca de 13% na verba de R$ 1 bilhão programada para o próximo ano poderá ter impacto direto nas atividades que têm marcado a rotina da PF, as operações especiais contra a corrupção, fraudes e desvios de recursos públicos. Um grupo de delegados acredita que a instituição foi alvo de retaliação por causa das ações ligadas à Operação Lava Jato, que coloca sob suspeita deputados e senadores.
“Os delegados acompanham com muita preocupação o corte de R$ 133 milhões exatamente porque ele acaba atingindo diretamente a prestação dos nossos serviços que poderão ser prejudicados. Vai ser um ano muito difícil para a Polícia Federal”, diz Carlos Eduardo Sobral, presidente da Associação Nacional dos Delegados da PF, principal e mais influente entidade da categoria.
O líder dos delegados federais prega a aprovação da PEC 412, atualmente na Comissão de Justiça da Câmara, que prevê autonomia para a PF. “Essa é a nossa grande luta. Com autonomia financeira e orçamentária não sofreremos mais esses cortes”, diz Sobral. A PEC 412 foi apresentada em 2011, mas não avançou.
O deputado Ricardo Barros (PP-PR), relator do Orçamento, afirma que o corte da verba da PF “não tem motivo nem justificativa, todo mundo sofreu corte”.
O partido de Barros teve grande número de deputados denunciados na Lava Jato, alvos de investigação no Supremo Tribunal Federal a partir das investigações da PF. Segundo ele, o corte não foi uma retaliação à PF. “Não, não, pelo contrário. Estamos todos satisfeitos com o trabalho que está sendo realizado pela Polícia Federal e também pelo Ministério Público. Ninguém pode ignorar que estamos passando por um momento de recessão econômica, queda de receitas, e o governo não pode gastar mais do que arrecada. Uma coisa é certa: todo mundo está no corte.”
Segundo Barros, por sua iniciativa, a PF recompôs R$ 38 milhões. “Houve recomposição. Eu não sei quanto foi o corte da PF, mas autorizei recomposição de R$ 38 milhões. Não sei quanto foi o corte, são muitas rubricas, não consigo decorar. O fato é que o corte afetou a todos igualmente. Polícia Federal teve corte, Ministério Público teve.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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