O rastreamento do dinheiro injetado pela Delta Construções em empresas de fachada, segundo a Polícia Federal, e ligadas ao esquema do contraventor Carlos Cachoeira revela que a empreiteira carioca montou um "deltoduto" para irrigar campanhas eleitorais. A CPI do Cachoeira, que será instalada nesta quinta no Congresso, vai investigar os negócios do contraventor e seus elos com a construtora e políticos.
Empresas que receberam recursos da Alberto e Pantoja Construções Ltda., cuja única fonte de renda identificada pela Polícia Federal, era a Delta Construções, abasteceram cofres de campanhas em Goiás, área de influência da organização criminosa de Cachoeira.
Segundo as investigações da Operação Monte Carlo da PF, a construtora de fachada (a Alberto e Pantoja) registrou operações atípicas durante o ano eleitoral, período em que movimentou R$ 17,8 milhões.
Duas empresas, que embolsaram R$ 210 mil da Pantoja, doaram R$ 800 mil a candidatos. Entre eles, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o deputado federal Sandes Júnior (PP-GO), ambos citados nas investigações da PF por supostas relações com a quadrilha.
Registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, um mês depois das eleições, Perillo recebeu R$ 450 mil da Rio Vermelho Distribuidora, de Anápolis (GO). A empresa também doou R$ 30 mil para a candidata a deputado federal, Mirian Garcia Sampaio Pimenta (PSDB).
A Rio Vermelho é citada em laudos da PF que mostram, a partir da quebra de sigilo bancário, transferências feitas pela Alberto e Pantoja em 2010 e 2011. O atacadista recebeu R$ 60 mil da empresa, que tem como procurador Geovani Pereira, homem de confiança de Cachoeira.
De acordo com a Rio Vermelho, a doação para Marconi foi legal e está registrada no TSE. Com relação ao repasse da Alberto e Pantoja, a empresa afirma que o valor é referente a venda de um carro para Cachoeira.
Perillo
A chefia de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), confirmou em nota que sua campanha recebeu "doações oficiais e legais" em 2010, de R$ 450 mil da Rio Vermelho Ltda. A nota não esclarece, porém, o motivo de a doação ter sido registrada apenas após as eleições. O deputado federal Sandes Júnior (PP-GO) e o ex-senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) também confirmaram repasses de recursos da Midway, do empresário Wilton Colle, para suas campanhas.
Disseram, porém, não saber de ligações de Colle com o contraventor Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta. Nas últimas eleições, a Midway repassou R$ 300 mil para Sandes Jr. e R$ 20 mil para Leomar Quintanilha. "Wilton é meu amigo; nunca soube que ele poderia ter relações com Cachoeira", disse Sandes Jr.
Segundo o deputado federal, sua campanha custou R$ 1,5 milhão. À frente da Federação Tocantinense de Futebol, Leomar Quintanilha disse que soube de Cachoeira pelos jornais. "Lembro ter recebido R$ 20 mil da Midway", disse.
A ex-candidata a deputado federal Mirian Garcia Sampaio, hoje vereadora tucana em Anápolis (GO), não foi encontrada em seu gabinete. Ela teria recebido, para sua campanha, R$ 30 mil da Rio Vermelho Distribuidora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink