O caso
Confira o desenrolar do caso Demóstenes Torres:
3 de fevereiro Grampos da Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo revelam a ligação entre o empresário do ramo de jogos Carlinhos Cachoeira e políticos de Goiás, incluindo o governador Marconi Perillo (PSDB) e o senador Demóstenes Torres (DEM).
6 de março Em pronunciamento na tribuna do Senado, Demóstenes Torres negou ter concedido favores a Carlinhos Cachoeira, e disse "não haver motivos" para se defender porque mantinha uma relação de amizade com o empresário.
16 de março Relatório do Ministério Público Federal mostra que Carlinhos Cachoeira entregou telefones habilitados nos Estados Unidos a políticos, incluindo Demóstenes. O objetivo, segundo o Ministério Público, seria dificultar eventuais investigações.
27 de março Após a divulgação dos grampos que indicam a ligação com Carlinhos Cachoeira, Demóstenes Torres pede o afastamento da liderança do DEM no Senado.
29 de março O ministro do STF Ricardo Lewandowski determina, a pedido da Procuradoria-Geral da República, a quebra de sigilo bancário do senador Demóstenes Torres.
30 de março A cúpula do DEM indica que vai pedir a Demóstenes que ele deixe o partido, no mesmo dia em que são publicadas escutas telefônicas que mostram que o senador usou o cargo para ajudar Carlinhos Cachoeira.
Outros envolvidos
Câmara não descarta CPI para investigar deputados denunciados pela PF
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), defendeu uma investigação interna da Casa sobre os parlamentares supostamente envolvidos com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Além do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pelo menos cinco parlamentares são citados nas denúncias apuradas pela Polícia Federal. O deputado do Rio de Janeiro Stepan Nercesian (PPS) e outros quatro deputados de Goiás foram citados nas denúncias: Carlos Alberto Lereia (PSDB), Sandes Júnior (PP), Jovair Arantes (PTB) e Rubens Otoni (PT). Maia considerou o caso "muito grave" e não descartou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os deputados.
O DEM abre hoje o processo de expulsão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) flagrado em conversas telefônicas defendendo interesses de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que comanda uma rede de jogos ilegais no país por "reiterados desvios da ética". Agora Demóstenes terá uma semana para apresentar explicações, mas a expulsão do senador é dada como certa pela cúpula do partido.
A decisão de abrir o processo interno foi tomada em reunião realizada na noite de ontem na casa do presidente da legenda, o senador José Agripino Maia (RN). Participaram do encontro o líder na Câmara, ACM Neto (BA), o deputado Ronaldo Caiado (GO) e o vice-governador de Goiás, José Eliton.
Demóstenes não apareceu ao encontro de ontem na residência de Agripino. O senador passou o dia em casa, reunido com advogados e com o deputado Caiado, que tem feito o meio de campo entre ele e a cúpula da legenda. O advogado do senador, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse que o parlamentar não se reuniu ontem à noite com a cúpula do partido porque não tinha analisado ainda os autos do processo.
Há a expectativa em torno de uma renúncia do senador do cargo. O que pesa para Demóstenes adiar a decisão é o foro privilegiado a parlamentares. Como senador, ele só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
Ética
Em outra frente, cinco senadores pediram pressa ao Senado para convocar o Conselho de Ética. Na semana passada, foi acertado que o colegiado só se reuniria na próxima terça-feira para eleger o novo presidente. Mas as novas denúncias fizeram com que os parlamentares cobrassem um encontro nesta semana.
"Este julgamento é inevitável. A instituição é mais importante do que as pessoas", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR). O tucano afirmou que vai procurar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), para tentar acelerar a eleição no conselho.
A presidência do Conselho de Ética está vaga desde setembro de 2011, quando o senador João Alberto (PMDB-MA) deixou a Casa para ocupar um cargo no governo de Roseana Sarney. O presidente interino, Jayme Campos (MT), correligionário de Demóstenes, declarou-se impedido para conduzir o processo.