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Reação

Democratas dissolve o diretório de São Paulo

Em reação à desfiliação do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), a Executiva Nacional do Democratas (DEM) aprovou ontem a dissolução do diretório regional do partido na capital paulista. O diretório era controlado pelo prefeito, que deixou o DEM para criar o Partido Social Democrático (PSD). A nova direção do DEM em São Paulo será definida possivelmente na próxima semana.

Provocação

Na segunda-feira, o deputado federal ACM Neto (DEM-BA) havia anunciado que iria propor uma intervenção imediata da Executiva Nacional do DEM para tirar o controle de Kassab sobre o diretório paulista. "Temos de tirar o DEM, imediatamente, da influência do prefeito Kassab, o político que tem 43% de rejeição na cidade que administra", escreveu o parlamentar baiano.

ACM Neto ainda provocou o prefeito: "E aí, Kassab? O povo de São Paulo, que o conhece, deu 43% de rejeição à sua administração. Assim, vai acabar como um dos piores prefeitos do Brasil", disse, em referência à pesquisa Datafolha que apontou a pior avaliação do prefeito desde que foi reeleito, em 2008.

Agência Estado

O comando nacional do DEM acusou ontem o governo federal de estar promovendo um assédio sobre os parlamentares do partido para que migrem ao PSD (Partido Social Democrático), recém-fundado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM). Depois da primeira reunião da nova Comissão Executiva Nacional do DEM, o presidente do partido, senador José Agripino Maia (RN), disse que o Palácio do Planalto está pressionando governadores e parlamentares de vários partidos para acompanharem Kassab. Segun­­­do os democratas, essa seria uma forma de tentar enfraquecer a oposição, já que o PSD tende a ser uma legenda simpática ao governo Dilma Rousseff (PT).

"O Planalto está atuando pessoalmente. É uma luta desigual", criticou Agripino. Segundo os dirigentes do partido, a estratégia do governo seria pressionar diretamente não apenas políticos do DEM, como, por exemplo a deputada federal Nice Lobão (MA), que é casada com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB). Eles garantem que essa ação tem ocorrido também sobre outras legendas. Os dirigentes do Demo­­­cratas citam os casos do governador do Amazonas, Omar Aziz, e do senador Sérgio Petecão (AC), ambos do PMN, além do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, do PTB como exemplos dessa operação governista.

Um fator que estaria sendo usado pelo governo para reduzir a oposição seriam as insatisfações regionais. Em vários estados, políticos locais têm aproveitado a situação de incerteza para reivindicar maior espaço dentro dos diretórios municipais e estaduais. Foi o caso do ex-deputado federal Indio da Costa (RJ), que concorreu no ano passado como candidato a vice presidente indicado pelo DEM na chapa presidencial encabeçada pelo tucano José Serra (leia mais na reportagem ao lado).

Situação parecida acontece em Goiás, onde o deputado federal Vilmar Rocha cobra mais espaço no diretório local do DEM, que considera excessivamente concentrado com o deputado federal Ro­­­naldo Caiado.

Na Bahia, o aval do Planalto ao plano de criação do PSD foi mais visí­­­vel. O próprio governador da Bahia, o petista Jaques Wagner, compareceu à solenidade de lançamento do manifesto do novo partido e incentivou seu vice governador Otto Alencar a trocar o PP pelo PSD. O movimento do par­­­tido na Bahia custará pelo menos dois deputados federais ao DEM, já que Paulo Magalhães e Fernando Tor­res migrarão para a nova legenda.

Estratégias

Para tentar minimizar esses efeitos, dirigentes do Democratas já preparam uma reação para atrapalhar a vida do novo partido. Já está decidido que o DEM vai auditar todas as assinaturas que forem apresentadas pelo PSD como pré-requisito para terem sua criação homologada pela Justiça Eleitoral. Com isso, esperam encontrar assinaturas com problemas e retardar a fundação da legenda.

Como o PSD corre contra o tempo e precisa estar registrado oficialmente até um ano antes da próxima eleição, esse prazo se esgotará em outubro. E os integrantes do DEM apostam que quanto mais inseguro for o cenário jurídico da fundação do PSD, menos baixas terão.

Interatividade

A criação do PSD, a debandada de políticos do DEM e a crise interna do PV revelam uma crise dos partidos? Por quê?

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