Segundo maior partido da oposição, o DEM troca hoje de direção e tenta demonstrar unidade em meio à crise provocada pela provável saída do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O senador José Agripino Maia (RN) assume a presidência no lugar do deputado federal Rodrigo Maia (RJ) com a promessa de uma gestão conciliadora. A convenção nacional é encarada como a última possibilidade de manter Kassab na legenda, que se articula para fundar o Partido Democrático Brasileiro (PDB).
A mudança terá reflexo imediato no cenário político inclusive no Paraná. "Será uma revolução", diz o ex-ministro Alceni Guerra, um dos fundadores do PFL (antigo nome do DEM), em 1985. Principal defensor do projeto de Kassab no estado, ele antecipa que as decisões sobre uma possível debandada não devem ser anunciadas hoje para evitar desgastes com Agripino.
A escolha do senador, que encabeça uma chapa escolhida por consenso, já é uma vitória do grupo liderado pelo paulista, desafeto de Maia. Ainda assim, não será suficiente para demovê-lo da ideia de criar o PDB citado ironicamente pelos adversários como o Partido da Boquinha. A nova legenda migraria de pronto para a base de apoio da presidente Dilma Rousseff e, em médio prazo, poderia se fundir com o PSB, tradicional aliado do PT.
"Isso aí [as críticas] é uma peça de artilharia retórica desse pessoal que não quer perder o poder, que conduz o partido sob a visão de uma oposição histérica e ao mesmo tempo sem voz", diz Alceni. Do outro lado, o presidente do DEM no Paraná, Abelardo Lupion, diz que o êxodo do grupo ligado a Kassab deve ser comemorado como uma "limpeza". "Estamos falando de um oportunismo que enoja, de um político que só olha para o próprio umbigo", ataca Lupion.
Ele e os também deputados federais Eduardo Sciarra e Luiz Carlos Setim já integram a executiva nacional da sigla e serão reconduzidos aos postos. Vice-presidente de assuntos econômicos, Sciarra é próximo a Kassab, mas adiantou que não pretende deixar o partido. "O melhor caminho é convencê-lo a ficar e é nisso que estou trabalhando", afirma.
No plano nacional, duas lideranças importantes do DEM já demonstraram interesse em seguir Kassab o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, e a senadora Kátia Abreu (TO). "Ninguém tem admitido a mudança formalmente porque esse não é o momento", diz Alceni. No Paraná, ele acredita que pelo menos cinco dos seis deputados estaduais eleitos no ano passado podem migrar para o PDB.
Lupion não concorda com a conta. "Ninguém com mandato vai embarcar nessa loucura." O deputado, que tem desavenças com o governador Beto Richa (PSDB), já anunciou que não irá concorrer à reeleição para a presidência da executiva estadual, cuja convenção ocorrerá no final do ano.
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